O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira (11) a anulação do leilão para a compra de arroz importado. A suspensão do certame, que havia adquirido 263 mil toneladas do grão, ocorreu após a constatação de que empresas sem histórico no mercado venceram o processo.
Pretto afirmou que um novo procedimento será realizado para garantir a contratação de empresas qualificadas técnica e financeiramente.
“Pretendemos fazer um novo leilão, talvez em outros modelos, para assegurar que vamos contratar empresas com capacidade técnica e financeira. A decisão é anular este leilão e proceder um novo mais ajustado”, declarou Pretto no Palácio do Planalto.
A decisão de importar arroz foi tomada logo após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do grão. Embora 80% da colheita já tivesse sido realizada antes das chuvas, as inundações impactaram significativamente a logística e o transporte do cereal para outras regiões do país.
No último fim de semana, a Conab exigiu que as quatro empresas vencedoras do leilão comprovassem capacidade técnica e financeira para intermediar a compra, que custou R$ 1,3 bilhão ao governo.
“A transparência e a segurança jurídica são princípios inegociáveis, e a Conab está atenta para garantir segurança jurídica e solidez nessa grande operação”, afirmou Pretto no final de semana.
Mercearia de laticínio levou maior parte do leilão
A maior quantidade de lotes do leilão foi arrematada por uma empresa cuja atividade principal inscrita no CNPJ é “comércio atacadista de leite e laticínios”. Localizada em um bairro de Macapá (AP), essa mercearia receberá R$ 736,3 milhões do governo para importar 147,3 mil toneladas de arroz.
A segunda maior fatia do leilão foi levada por uma empresa que atua no setor de alimentos, responsável por fornecer 73,8 mil toneladas de arroz pelo valor de R$ 368,9 milhões. Em terceiro lugar, uma locadora de veículos e máquinas, que ganhará R$ 112,5 milhões com a venda de 22,5 mil toneladas de arroz. Procurada pela Gazeta do Povo, a locadora afirmou ter experiência em leilões do governo federal e já ter cumprido contratos com a Conab.
A quarta empresa tem como principal atividade registrada no CNPJ a “fabricação de sucos concentrados de frutas, hortaliças e legumes”. Localizada no município de Tatuí (SP), essa empresa receberá R$ 98,7 milhões pelo fornecimento de 19,7 mil toneladas de arroz ao governo.