Após ser derrotado nas urnas e não passar ao segundo turno das eleições em Fortaleza, o prefeito José Sarto (PDT) indicou que manterá neutralidade na disputa. Em nota oficial, Sarto liberou seus aliados para que apoiem livremente os candidatos André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT). Fernandes, deputado federal, e Leitão, presidente da Assembleia Legislativa, disputarão a prefeitura no segundo turno.
“Uma delas tenta implantar uma soberania nociva [em referência ao PT, de Leitão], e a outra representa muitas incertezas [referindo-se ao PL, de Fernandes]. Diante disso, após conversar com as diversas forças que me apoiaram, anuncio que decidimos pela neutralidade. Desse modo, as nossas lideranças poderão livremente estabelecer diálogos para a construção de caminhos e propostas para a nossa cidade”, declarou Sarto em um comunicado.
O prefeito, que foi o terceiro colocado nas eleições, obteve 11,4% dos votos. André Fernandes avançou ao segundo turno com 40,2%, enquanto Evandro Leitão teve 34,33%.
O posicionamento de Sarto ocorre em meio a um racha interno da esquerda no Ceará, que tem se recusado em apoiar o lulopetismo. Embora o PDT seja historicamente visto como um partido de esquerda, as divergências com o PT têm crescido ano após ano, o que tornou o apoio a Leitão menos natural do que poderia ser.
Até dezembro do ano passado, Evandro Leitão integrava a legenda PDT. Ele foi o primeiro aliado do senador Cid Gomes (PSB) a romper com a legenda, em meio a disputas internas entre os seguidores de Cid e os apoiadores do ex-ministro Ciro Gomes sobre como lidar com o PT. Enquanto os aliados de Cid queriam se alinhar ao governo petista, não houve consenso dentro do partido, levando a uma debandada. Desde então, o PDT tem se posicionado como oposição ao governador Elmano de Freitas (PT).
Agora, em torno do segundo turno em Fortaleza, grande parte do grupo de Ciro Gomes tem sinalizado voto no bolsonarista André Fernandes. Para os políticos mais envolvidos na disputa local, há uma possibilidade de que membros do PDT subam no palanque de Fernandes, o que seria uma clara provocação a Evandro Leitão, seu antigo colega de partido e agora adversário direto.