Alvo de intensas críticas, Luiz Inácio Lula da Silva tem enfrentado dificuldade para se desenquadrar do radicalismo do PT. O partido até que tentou adotar um tom de pacificação, mas o extremismo esquerdista vem à tona com frequência quando o líder profere um novo discurso.
A campanha lulopetista tem se debruçado sobre diversas ações para tentar frear o clima de ‘vingança’ que ronda os discursos do político. Sem êxito, os episódios relacionados à tonalidade ácida nas falas do petista têm criado barreiras até mesmo entre o eleitorado indeciso, que tem decidido migrar para Jair Bolsonaro (PL), desprezando o plano eleitoral de Lula, conforme registrou o Conexão Política nesta quarta-feira (4).
Agora, ciente de que faltam menos de 5 meses para as eleições de outubro, o ex-presidente decidiu que vai montar uma agenda política pelo país. De acordo com Marcos Rocha, do Conexão Política, Luiz Inácio e Geraldo Alckmin (PSB) “pretendem realizar juntos uma série de viagens em maio e junho em regiões do país consideradas estratégicas para a disputa” ao Palácio do Planalto.
Ainda conforme Rocha, “a ideia é que ambos façam algumas viagens separados, com Alckmin atuando para fortalecer a chapa em locais específicos, como o interior de São Paulo, a fim de tentar diminuir resistências a Lula em setores com quem dialoga melhor, como grupos religiosos”.
Petismo se prepara
Outra questão que tem sido motivo de pesadelo para o petista é o fato de que a sua campanha tem evitado cumprir eventos nas ruas. Conforme antecipou este jornal digital, os aliados de Lula não querem que ele se coloque em celebrações que possam reunir multidões. Eles alegam que o líder esquerdista é alvo fácil de eventuais atentados.
Na defesa de cumprir compromissos somente em “ambientes controlados”, sem ter contato completo com o público geral, lideranças esquerdistas receiam, na verdade, que o ex-mandatário seja alvo de vaias e xingamentos. Há um forte temor de que Lula possa ser palco, inclusive, de ‘ovadas’ [ovos] e ‘tomatadas’ [tomates] de opositores que rejeitam a presença do político.
A forte repulsa contra Lula, na avaliação de alguns analistas, poderia desconstruir o que tem sido projetado na imprensa: a narrativa de que ele é o favorito na corrida presidencial.
Ao comentar sobre a possibilidade de ser vaiado em público, Luiz Inácio buscou minimizar o assunto. Em entrevista à rádio CBN de Campinas, ele disse que vai dialogar com “todos os setores da sociedade”.
Na ocasião, o entrevistador lembrou do episódio na semana passada em que Ciro Gomes (PDT) recebeu vaias de opositores na Agrishow, no interior de São Paulo. “Como conseguir conversar com esse público?”, questionou o jornalista.
O petista, contudo, disse que está “calejado” para esse tipo de situação, além de frisar que “não tem lugar proibido de fazer campanha”.
— Eu vou conversar não apenas com quem já vota em mim. Eu quero conversar com todos os setores da sociedade. Nesse aspecto, o Alckmin também ajuda a conversar com setores que antes estavam afastados do PT. Não tem problema — sustentou Lula.
— Eu já fiz campanha em tantos lugares adversos, em tantos lugares desse país, que não tem lugar proibido pra fazer campanha. A única coisa que tenho que respeitar é que tem outros candidatos na disputa e em alguns lugares podem ter eleitores desses outros candidatos que poderão não gostar da nossa visita. Mas isso faz parte da política. Eu estou realmente calejado para tratar dessas adversidades — acrescentou.