O ativista Daniel Munduruku não poupou críticas ao Ministério dos Povos Indígenas, desencadeando um debate sobre a efetividade das ações da pasta. Além dele, outros líderes indígenas se uniram ao coro, compartilhando a opinião de que é imperativo intensificar os esforços em prol das comunidades indígenas no país, especialmente em torno da Terra Yanomami.
Munduruku expressou suas preocupações em uma publicação em sua conta no antigo Twitter (X), no qual destacou a criação de um ministério ‘cirandeiro’ como uma reprodução da ‘política do pão e circo’. Ele apontou a presença excessiva de festividades e viagens internacionais, contrastando com a falta de ações concretas.
O coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), Kleber Karipuna, endossou essas críticas, concordando que o Ministério poderia ter feito mais. Karipuna destacou a escassez de demarcações de novas terras, totalizando apenas oito. No entanto, ele entende que o orçamento da pasta era limitado e que muitas ações na terra ianomâmi não dependiam exclusivamente da atuação da ministra Sônia Guajajara.
“Esperávamos maior consistência na desintrusão dos invasores e em outras políticas públicas para o povo ianomâmi. Claro que houve muitas sequelas do governo anterior, mas almejamos melhores resultados agora. Houve avanços nos últimos seis anos, mas poderia ser muito mais”, declarou Karipuna.
Entidades de defesa dos indígenas, como o Instituto Socioambiental (ISA), também externaram a falta de articulação do governo Lula. Estêvão Senra, pesquisador do ISA, avalia que uma mobilização organizada poderia acelerar a melhora na situação.
Carla Lins Yanomami, presidente da AMYK, pontuou as dificuldades enfrentadas pelo povo yanomami. “O povo yanomami está com dificuldade de retomar a vida como era antes, de plantar os alimentos tradicionais, caçar e pescar. O que o povo quer é recuperar a sua autonomia, usar seus próprios recursos e cuidar da terra, como faziam os antepassados”, declarou.