A prefeitura de São Paulo (SP) divulgou nesta última quarta-feira (23) que houve o desmonte da grande concentração de pessoas em uso abusivo de álcool e drogas na região da Cracolândia, no centro da cidade, após ações integradas entre as administrações municipal e estadual.
No entanto, a entidade ligada à esquerda que atua na região afirma que o que houve foi um deslocamento daquelas pessoas da frente da Estação Julio Prestes para o entorno e que elas continuam desassistidas de políticas públicas.
Segundo o município, uma série de ações integradas “conseguiu pela primeira vez em trinta anos que o tráfico abandonasse a maior concentração de venda de drogas a céu aberto do país”. Para evitar novas concentrações, a prefeitura informou que, junto ao estado, conta com a Polícia Civil e a Guarda Civil Metropolitana (GCM).
De acordo com o Executivo da capital paulista, os atos realizados tiveram como base quatro pilares: a ampliação e melhoria da oferta de tratamento e de serviços de acolhimento aos usuários que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas e estão em situação de vulnerabilidade; a requalificação urbana do território, que incluiu a construção de moradias, a desapropriação de imóveis, o fechamento de imóveis irregulares e a construção de escola e hospital; o combate ao tráfico e o compartilhamento de inteligência e de informações, com planejamento integrado de diversos órgãos municipais e estaduais.
Controvérsias
O movimento esquerdista “Craco Resiste”, que afirma defender os direitos dos viciados que ficam naquela região, afirmou que o que se conseguiu, após as ações, foi deslocar as pessoas para outros pontos na mesma localidade, sendo que a maior parte foi para a Praça Princesa Isabel.
“Não tem desmonte, o fluxo só mudou de lugar. Essa não é a primeira vez. Eu estou aqui há dez anos, nesses meus dez anos de Cracolândia, eu já vi ela na [rua dos] Gusmões, na [rua do] Triunfo, na Praça General Osório, já vi em vários lugares. Não existiu um desmonte, acho importante dizer isso, só foi uma mudança, mais uma das tantas mudanças que acontecem nessa região”, declarou Rafael Escobar, um dos integrantes do grupo.
Cadeia
O secretário de Projetos Estratégicos, Alexis Vargas, garantiu que houve a prisão de 92 traficantes na região. “Este é o resultado de um trabalho árduo, persistente e integrado que teve início com o Programa Redenção em 2017 e recebeu um importante reforço com a Operação Caronte da Polícia Civil no combate ao tráfico de drogas na região central”, comemorou.