No início deste ano, um aumento no número de mortes na terra indígena Yanomami levou a uma mudança na comunicação do governo federal. Desde essa constatação, o governo interrompeu a publicação de boletins regulares sobre óbitos e doenças na região, conforme noticiado pelo portal UOL em julho.
Até fevereiro de 2024, o Ministério da Saúde não havia apresentado novos dados sobre as mortes de yanomamis. O último relatório, que cobria números até 31 de dezembro de 2023, foi divulgado apenas no início do ano, e desde então a pasta não havia lançado mais informações. A frequência dos relatórios já vinha caindo ao longo de 2023. Após a declaração de emergência de saúde em fevereiro daquele ano, o governo começou a fornecer informes diários sobre mortalidade e doenças, mas essa prática cessou em março, passando a ser semanal e, a partir de agosto, mensal.
Os registros oficiais de mortes de yanomamis subiram 5,8% em 2023, como mostrou reportagens do Conexão Política. A Sesai relatou 363 óbitos no ano passado, em comparação a 343 em 2022. Contudo, a secretaria observou que esses números estavam “sujeitos a alteração”, pois muitos casos ainda estavam sendo investigados. O acesso precário ao território frequentemente atrasava o registro das mortes.
Quando questionado, o governo disse que em breve divulgaria um balanço com dados atualizados. O ministério afirmou que os números estavam passando por revisão das áreas técnicas da Sesai e da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA).
Desde então, a divulgação desses dados não recuperou a mesma visibilidade de antes, nem mesmo em comunicados à imprensa. Com essa diminuição na transparência, o Conexão Política apurou nos bastidores de Brasília que a oposição se prepara para iniciar 2025 indo para cima do governo Lula e passar a exigir respostas sobre a questão.
Os relatórios sobre os yanomamis, a partir de agora, devem ser um dos principais focos da oposição no primeiro trimestre, quando os parlamentares retornarem de seu recesso. A oposição pretende criar uma frente para discutir todos os dados referentes aos indígenas no Brasil e analisar as ações e condições da gestão Lula III.