Nesta quinta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a ouvir o ex-ministro Anderson Torres no inquérito que apura as ações da Polícia Rodoviária Federal durante as eleições.
Torres está preso desde 14 de janeiro por suposta omissão nos atos de 8 janeiro, quando era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Seu depoimento está marcado para a próxima segunda-feira (24).
O pedido da PF para ouvir Torres foi atendido pelo ministro do STF. Ele será ouvido como declarante na sede da PF em Brasília e terá o direito ao silêncio e à garantia de não autoincriminação, se instado a responder a perguntas cujas respostas possam resultar em seu prejuízo.
Na decisão, Moraes destacou que os órgãos estatais não podem ser frustrados ou impedidos de exercerem seus poderes investigatórios e persecutórios previstos na legislação, desde que com absoluto respeito aos direitos e garantias fundamentais do investigado.
Um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União (CGU) mostrou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era favorito, contra 571 no Sudeste, entre 28 e 30 de outubro de 2022, vésperas e dia do segundo turno das eleições.
À época, o Ministério da Justiça, ao qual a PRF está subordinada, era comandado por Torres. O novo ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que os dados apresentados pela PRF apontam ao menos três “anomalias” na corporação durante as eleições de 2022: concentração de operações no Nordeste, mudanças no planejamento inicial e uma determinação para que a PRF atuasse em conjunto com a Polícia Federal no segundo turno.