João Campos, o popularmente conhecido ‘prefeito TikTok’ do Recife, está experimentando um misto de visibilidade digital e críticas intensas. Retratado pela mídia como um político ‘moderno e acessível’, Campos tem investido pesado na construção de uma imagem ‘descolada’, mas essa tentativa de imposição de carisma é vista por muitos como um artifício questionável para encobrir fragilidades administrativas, além de uma linhagem política familiar enraizada por longas décadas.
Embora reeleito com 78% dos votos, há quem enquadre que essa expressiva marca nas urnas reflete menos um apoio genuíno e mais uma carência de alternativas reais em Pernambuco, um estado onde a oposição se assemelha mais a uma ‘geleia’ política: nomes que, ao se proclamarem adversários do PSB, acabam frequentemente orbitando e se alinhando ao núcleo de Campos sempre que possível.
A hegemonia do PSB no estado, cravada pela família Campos, continua influente, mas não inabalável. O partido encolheu de 53 para 31 prefeituras em quatro anos, perdendo redutos tradicionais como Olinda e Paulista.
Em Olinda, mesmo com o apoio direto de João, que saiu às ruas para pedir votos, a candidata do PSD, Mirella Almeida, levou 51,38% dos votos, superando as forças do PT-PSB. Já em Paulista, a derrota foi ainda mais expressiva, com Ramos Santana, do PSDB, conquistando 73% do eleitorado, escancarando a fragilidade do apoio em uma área antes dominada pelo partido de Campos.
O sinal de alerta se mantém está ligado. Em 2016, o PSB começou a sentir os sinais de desgaste no cenário pernambucano, perdendo 15 prefeituras, o que já apontava para um enfraquecimento da influência do partido no estado. Agora, neste ano, a perda foi de 22 prefeituras. Num primeiro olhar, o recado das urnas sugere que as dancinhas na internet, o óculos Juliet e o ‘nevou’ no cabelo, impulsionados pela intensa exposição nas redes, não estão conseguindo conter a debandada do eleitorado pernambucano.