Os chefes de Estado do Mercosul e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciaram nesta sexta-feira (6), durante a 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul em Montevidéu, o encerramento das negociações para um acordo de livre comércio entre os dois blocos. As tratativas, que duraram 25 anos, visam reduzir tarifas de exportação e estabelecer regras comerciais que impactam uma população combinada de mais de 750 milhões de pessoas.
A presidente da Comissão Europeia celebrou o avanço como o início de uma nova etapa nas relações entre os continentes: “Agora estou ansiosa para discutir isso com os países da UE. Este acordo funcionará para pessoas e empresas. Mais empregos. Mais escolhas. Prosperidade compartilhada.”
Embora as negociações tenham sido concluídas, o texto do acordo ainda precisa passar por revisão jurídica, tradução para os idiomas oficiais dos países envolvidos e, posteriormente, ser aprovado pelos legislativos de cada nação. Não há prazo definido para que o processo seja finalizado e o acordo entre em vigor.
Durante o anúncio, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, anfitrião do encontro, destacou que o acordo foi alcançado mesmo diante das divergências políticas no Mercosul. Ele enfatizou que o pacto representa uma oportunidade e não uma solução definitiva:
“Um acordo desse tipo não é uma solução. Não há mais soluções mágicas. Não há burocratas ou governos para firmar a propriedade. É uma oportunidade. É muito importante que os passos sejam pequenos, mas seguros.”
Ursula fala em ‘necessidade política’
A presidente Ursula von der Leyen reforçou os laços históricos entre os continentes e apontou que o pacto é uma “necessidade política” em um contexto global instável: “Num mundo cada vez mais conflituoso, demonstramos que as democracias podem apoiar-se umas às outras. Este acordo não é apenas uma oportunidade econômica, é uma necessidade política. Somos parceiros com mentalidades comuns, que têm raízes comuns.”
Von der Leyen reconheceu a oposição de agricultores europeus, sobretudo franceses, que temem o impacto do aumento das importações do Mercosul. Ela afirmou que o tratado inclui mecanismos de proteção: “Este acordo inclui salvaguardas robustas para protegê-los.”
O pacto deve beneficiar cerca de 60 mil empresas europeias que exportam para o Mercosul, proporcionando economias estimadas em 4 bilhões de euros por meio de tarifas reduzidas e processos aduaneiros simplificados, além de acesso preferencial a matérias-primas essenciais. “Isso trará grandes oportunidades de negócios.”