Em entrevista à rádio CBN, Lula focou o debate das contas públicas no tamanho dos incentivos fiscais, sugerindo que seu foco continuará sendo em medidas para aumentar a arrecadação. Ele não se comprometeu com a redução de despesas, afirmando que “a equipe econômica tem que me apresentar a necessidade de corte” e que seu governo “está fazendo um estudo muito sério sobre o Orçamento”.
“Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante. É o comportamento do Banco Central, essa é uma coisa desajustada. Um presidente do BC que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que na minha opinião trabalha muito mais para prejudicar o país do que ajudar, porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, disse Lula.
Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai definir o nível da taxa básica de juros (Selic). A maioria dos bancos, consultorias e corretoras espera que a Selic seja mantida em 10,5% ao ano, interrompendo um ciclo de cortes iniciado em agosto do ano passado. O governo e o PT, por sua vez, estão pressionando por novas reduções, e mais significativas.
Lula criticou o recente encontro do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “O que é importante saber é a quem esse rapaz é submetido. Como que ele vai para uma festa de São Paulo quase que assumindo um cargo no governo de São Paulo? Cadê a autonomia dele?”, questionou Lula.
O petista afirmou já ter lidado muito tempo com o Banco Central e duvida que Campos Neto tenha mais autonomia do que Henrique Meirelles, que dirigiu a autoridade monetária em seus primeiros governos.
Lula afirmou que escolherá para o comando do Banco Central alguém que não pense apenas em controlar a inflação, mas que também leve em conta o crescimento econômico e da massa salarial. O mandato de Campos Neto termina em dezembro.
“Vou escolher um presidente do BC que seja uma pessoa que tenha compromisso com o desenvolvimento desse país, controle da inflação, mas que também tenha na cabeça que a gente não tem que pensar só no controle da inflação. Nós temos que pensar em uma meta de crescimento, porque é o crescimento econômico, da massa salarial que vai permitir a gente controlar a inflação”, declarou o presidente.