Nos últimos dias, os sinais emanados pelo Palácio do Planalto têm contribuído para agravar ainda mais a tensão na relação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). À medida que o governo federal emite declarações sugerindo que a crise na articulação política está resolvida, Lira expressa nos bastidores sua frustração com o que percebe como um “jogo duplo” por parte do Executivo, planejado para desgastá-lo e criar a impressão de que ele está politicamente “enfraquecido”.
Lira falou com pessoas próximas no final da semana passada e manifestou sua insatisfação com vazamentos atribuídos ao governo sobre pelo menos dois assuntos: a recente portaria que aumentou o papel da Secretaria de Relações Institucionais na gestão de emendas parlamentares e um suposto encontro planejado para os próximos dias entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Até a manhã desta segunda-feira (22), conforme relatado pela analista Débora Bergamasco, Lira não havia recebido nenhum convite formal ou convocação para o encontro, que também envolveria o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
De acordo com informações obtidas pela CNN, Lira chegou até mesmo a ironizar a cobertura da imprensa sobre o assunto, comentando com um interlocutor: “Parece que não estou com muita moral”.
Na visão do presidente da Câmara, a estratégia do governo Lula é tumultuar a relação com os parlamentares para minar seu poder político. Na semana passada, o Planalto celebrou discretamente o desenrolar da estratégia que aumentou o protagonismo do ministro Alexandre Padilha na liberação das emendas.