Em meio à catástrofe no Rio Grande do Sul, o governo Lula está no centro de uma série de atuações do parte de jornalismo que tem posto em xeque as narrativas do Palácio do Planalto.
Uma dos casos principais em torno do estado gaúcho envolve uma reportagem investigativa do SBT, na qual foi veiculada a informação de que caminhões com donativos ao RS estariam sendo multados por conta de documentação e recolhimento de imposto. Desde então, a emissora e jornalistas que compõem o núcleo de jornalismo tornaram-se alvo de ataques.
O canal de Silvio Santos foi acusado de propagar inverdades e de cooperar com o chamado ‘gabinete do ódio’. No entanto, em meio às denúncias, além da ampla repercussão da matéria, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) veio a público e admitiu que houve “casos isolados” de caminhões com doações multados por excesso de peso.
Segundo Rafael Vitale, diretor-geral da agência, seis veículos foram autuados, mas multas serão anuladas.
Logo após, uma outra apuração jornalística mirou o governo Lula. A gestão petista, de acordo com a Folha de S.Paulo, recusou uma oferta de auxílio do Uruguai, que incluía lanchas, um avião e drones para ajudar no resgate das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O pedido de ajuda foi feito pelo governador gaúcho, Eduardo Leite, buscando apoio das autoridades do país vizinho para resgatar os afetados pelas inundações.
A solicitação, conforme a reportagem, envolvia “envolvia o empréstimo de duas lanchas motorizadas, com as suas tripulações, dois drones para busca de pessoas em situação de isolamento, com os respectivos operadores uruguaios, e de um avião de transporte Lockheed KC-130 H Hercules”.
Embora o governo uruguaio tenha concordado em conceder o auxílio, o governo federal brasileiro teria recusado, alegando que os equipamentos não eram necessários no momento.
Depois de a matéria ir ao ar, o Palácio do Planalto negou, dizendo que as afirmações veiculadas sobre o assunto eram falsas. Em seguida, o jornal Folha de S.Paulo reafirmou as denúncias, justificando que o governo Lula está mentindo diante dos fatos.
Nesta quarta-feira (9), em meio ao fogo cruzado, o jornalista do Metrópoles, Samuel Pancher, usou as redes sociais para dizer que há uma investida contra o jornalismo por parte de membros do governo Lula.
Ao mencionar o caso, ele escreveu: “Nota oficial não é fato irrefutável. É uma das versões de um fato. Pode ser a verdade, ou não. Vejam essa nota da Secom. Chama de ‘falsas’ notícias de que o Brasil teria recusado qualquer ajuda do Uruguai. No paragrafo seguinte, admite a recusa de um avião por razões técnicas”, observou.
Na sequência, Pancher disse que não é correto categorizar o conteúdo da Folha como ‘notícia falsa’. O jornalista foi além e completou dizendo que “quem não vê que há uma investida contra o jornalismo por parte de certos membros do governo está se fazendo de cego, ou é beneficiado”.