O governo federal vive dias de apreensão com a repercussão negativa do monitoramento de transações via PIX. A medida, enquadrada como um maior controle sobre a movimentação financeira dos brasileiros, tem provocado reações nas redes sociais e desaguado em indignação popular generalizada.
No Palácio do Planalto, o temor é que essa insatisfação extrapole para as ruas, iniciando protestos massivos semelhantes aos que marcaram os anos de 2013 a 2016. Manifestações em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já vêm ganhando força, mas o receio é que uma nova onda de protestos contra o governo Lula tome corpo, intensificada pela crise econômica e pela crescente rejeição ao lulopetismo.
A repercussão é desastrosa para o governo, que já enfrentava um cenário desfavorável. Antes da polêmica do PIX, pesquisas dos principais institutos, como Atlas/Intel, Datafolha, Futura, Paraná Pesquisas e PoderData, já mostravam que a desaprovação superava a aprovação do governo. Esses números, obtidos antes da recente controvérsia, apontam para um agravamento ainda maior da rejeição nos próximos dias. A percepção de que o governo perdeu o controle da narrativa pública é cada vez mais evidente, e analistas políticos já falam em um desgaste acelerado da imagem presidencial.
Internamente, o Planalto tenta reagir. Nesta terça-feira (14), houve a troca do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação na tentativa de conter a crise de rejeição que ronda o governo Lula. Apesar de demonstrações públicas de otimismo, fontes ligadas ao governo confirmam um clima de temor.
A alta do dólar, inflação em níveis preocupantes e juros elevados têm intensificado o descontentamento popular. O problema, no entanto, vai além da polarização política: o cenário econômico afeta todas as camadas da sociedade, independentemente de ideologia, e a percepção é de que as promessas de campanha não estão sendo cumpridas.