Engana-se quem pensa que o governo Lula está plenamente satisfeito com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Nos bastidores, o Palácio do Planalto acompanha com preocupação o fortalecimento da direita no Congresso, sobretudo com a confirmação dos acordos firmados entre os novos comandantes das Casas e a oposição.
Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) garantiram que vão cumprir os compromissos políticos assumidos com o PL, contrariando expectativas de setores do PT e da esquerda, que apostavam em uma acomodação mais favorável ao governo. Com isso, a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro consolida ainda mais sua influência no Legislativo.
A composição da Mesa Diretora retrata esse cenário. Os novos vice-presidentes serão Altineu Côrtes (PL-RJ), na Câmara, e Eduardo Gomes (PL-TO), no Senado, garantindo ao PL posições estratégicas para influenciar decisões do Congresso. Além disso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comandará a Comissão de Segurança Pública, onde pretende avançar com projetos de endurecimento penal, o que preocupa o Planalto.
Outras comissões-chave também ficarão sob comando da oposição: a Comissão de Direitos Humanos será presidida pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), enquanto a de Infraestrutura terá o senador Marcos Rogério (PL-RO) à frente. No caso da Câmara, a deputada Carol de Toni (PL-SC) é a favorita para liderar a Comissão de Minorias.
O descontentamento do governo Lula se deve, especialmente, à crescente influência do PL, que já forma a maior bancada da Câmara, com 92 deputados, e a segunda maior do Senado, com 14 senadores.
Em Brasília, núcleos de direita comemoram. Com as posições estratégicas conquistadas, se fala em fortalecimento para barrar pautas da esquerda em pontos-chave e, além disso, pavimentar o caminho para as eleições de 2026.