O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, afirmou que os atos de 8 de janeiro não representaram um atentado à democracia, mas sim uma ‘frustração’.
Em entrevista à CNN, Jobim mencionou que os manifestantes que invadiram as sedes dos Três Poderes buscavam uma intervenção militar, o que não se concretizou, levando-os a uma sensação de frustração. Ele afirmou que o evento, muitas vezes tratado como uma tentativa de golpe, deve ser entendido como uma manifestação frustrada.
As declarações de Jobim estão alinhadas com a visão de outro ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Em entrevista ao podcast do Estadão, Marco Aurélio questionou a competência do Supremo para julgar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, classificando-os como ‘arruaceiros’ e sugerindo que não houve uma tentativa real de golpe de Estado.
Aurélio argumentou que esses indivíduos deveriam ser julgados em primeira instância, criticando as penas severas impostas pelo Supremo, que, segundo ele, extrapolam o que é previsto no Código Penal. Ele reiterou essa posição em uma entrevista à Rede Vida, onde defendeu que os acusados têm direito ao juiz natural, ou seja, deveriam ser julgados por tribunais de primeira instância com possibilidade de recurso, em vez de serem condenados diretamente pelo STF.
O ex-magistrado expressou ainda preocupação com o que considera ser a imposição de penas desproporcionais, sugerindo que o tratamento dos eventos de 8 de janeiro como um ato violento contra a democracia é exagerado, especialmente quando comparado às penas previstas na legislação.