Defensor de pautas progressistas como o direito ao aborto e a legalização da maconha, o novo presidente do Chile, Gabriel Boric, fez menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de expressar diferença com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
As declarações ocorreram na segunda-feira, 14, durante uma coletiva de imprensa.
É a primeira vez, inclusive, que ele falou como chefe do Executivo.
“Claro, desejamos muito sucesso a Lula. Para que vamos esconder? Tomara que tenha um ótimo resultado nas próximas eleições”, disse o recém-empossado.
“Ele [Lula] foi meu convidado para a posse, mas decidiu não vir justamente por diferenças diplomáticas, para não gerar um incidente diplomático. Uma atitude que depõe a seu favor. Espero que tenhamos uma relação muito boa daqui por diante, mas claro que vamos respeitar o que decidir o povo brasileiro. Mas, fica nítido onde está o nosso coração”, prosseguiu o chileno.
Em outro momento, ele citou o nome de Dilma, além de reforçar aceno ao MTST.
“Estive alguns minutos com Dilma e também com o presidente do PSOL. Em outro momento também conversei com Celso Amorim e com dirigentes sociais do MST. Também queremos aprender dos problemas que o PT teve em seu momento. Queremos aprender para que não aconteça conosco. E, se acontecer, que possamos enfrentar de maneira decidida. Os casos de corrupção, por exemplo, que sabemos que são graves e que, quando acontecem, temos que ter uma reação muito firme, para que isso não se estenda”, pontuou Boric.
“Para todos é evidente que somos radicalmente distintos com relação ao presidente Bolsonaro e sua ideologia. Isso não tem sentido esconder, nem por diplomacia. Isso não significa que tenhamos que cortar relações com o Brasil. Significa que não temos semelhanças e que temos uma forma muito diferente de ver o mundo e de fazer política, em matéria de respeito às diversidades, em matéria de consciência sobre a crise climática, em matéria de respeito aos direitos humanos, por exemplo. Mas o povo brasileiro o elegeu e nós respeitamos o povo brasileiro”, finalizou.
Em outro momento, Boric também fez questão de levantar apoio aos líderes regionais Gustavo Petro, candidato da esquerda à eleição na Colômbia, e Alberto Fernández, presidente da Argentina.
O ‘hermano’ deve ser o primeiro chefe de Estado a receber o novo presidente do Chile em agenda oficial.
Já é possível esperar medidas importantes?
Sim. O governo Boric ja tem feito acenos à esquerda, garantindo que vai realizar reformas estruturais no país.
Segundo o bloco governista, a agenda deve avançar no Congresso mesmo sem ter, por ora, a maioria nas bancadas.
A nova gestão chilena entra em vigor durante o andamento da elaboração de uma nova Constituição.