Durante a terceira reunião ministerial do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou sua preocupação em resolver a crise com o Centrão. Sob pressão para ceder cargos e emendas parlamentares a fim de garantir apoio no Congresso, Lula enfatizou a importância de seus ministros agirem com rapidez na execução das demandas políticas apresentadas.
De forma incisiva, Lula afirmou aos auxiliares presentes: “Se vocês não conseguirem resolver, serei obrigado a intervir”. A reunião, que ocorreu ao longo de nove horas no Palácio do Planalto, teve como objetivo promover um rearranjo no governo diante das ameaças do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de bloquear a votação de projetos de interesse do Executivo, caso não haja mudanças na articulação política entre o governo e o Congresso.
Antes do encontro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, teve uma reunião matinal com Lira na residência oficial da Câmara, buscando chegar a um acordo, sustentando que todas as promessas feitas pelo governo serão cumpridas. Lira enfatizou que não busca chantagear o Palácio do Planalto, mas que é inviável administrar um clima generalizado de insatisfação sem que o governo organize sua base de sustentação no Congresso.
Posteriormente, Lula agiu para fortalecer o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, alvo de críticas por parte do Centrão, e solicitou o apoio de todos para ampliar a aliança de sustentação ao governo.
Nessa mesma linha, Padilha cobrou dos demais ministros o pronto atendimento às demandas políticas dos deputados e senadores, argumentando que a falta de ação pode agravar a crise. De maneira descontraída, o ministro se referiu a Lula como “Pelé” e ao vice-presidente Geraldo Alckmin como “Tostão”, porém ressaltou que, apesar de contar com políticos talentosos no governo, a imagem de distanciamento em relação ao Congresso precisa ser superada.
Padilha sugeriu que todos os ministros levem parlamentares em suas viagens para inaugurações de obras, pois, caso não o façam, o governo estará sujeito a retaliações e até mesmo convocações para depor em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).