O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (27) os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua referentes ao trimestre móvel até novembro, apontando 6,8 milhões de desempregados no país e uma taxa de desemprego de 6,1% da força de trabalho. Este é o menor índice para o período desde o início da série histórica, em 2012, segundo o instituto.
Apesar do resultado, que vem sendo celebrado como um trunfo pelo governo Lula III, críticas crescem em torno da metodologia e da gestão do IBGE sob o comando de Marcio Pochmann, indicado pelo presidente em julho do ano passado. A centralização das análises no governo e iniciativas como a divulgação de dados em programas da TV Brasil têm levantado suspeitas de uso político do órgão, comprometendo sua credibilidade.
Servidores do IBGE denunciaram o que chamam de gestão “autocrática e centralizadora” de Pochmann. Em carta aberta veiculada em setembro, eles questionaram decisões como a criação da fundação IBGE+, uma entidade de apoio de direito privado, que teria sido formada sem diálogo e de forma reservada. A reformulação do estatuto do instituto também gerou tensão, sendo conduzida com baixa transparência, segundo os trabalhadores.
A insatisfação provocou ações de demissões em massa e pedidos de maior clareza sobre a governança do IBGE. “Essa postura coloca em risco a autonomia do IBGE e sua credibilidade como fonte confiável de dados estatísticos”, afirmaram os servidores.
Além das críticas internas, economistas têm levantado dúvidas sobre a metodologia da Pnad. A taxa de desemprego considera apenas as pessoas que buscam emprego e não encontram, deixando de fora as que desistiram de procurar trabalho. Especialistas sugerem que, ao seguir esse modelo, os números divulgados podem suavizar a realidade do mercado de trabalho, apresentando um cenário mais favorável do que o real.
A polêmica também se agrava devido a viagens frequentes do presidente do instituto, em meio a uma crise financeira que comprometeu pesquisas e até o pagamento de aluguéis no início do ano, o que também foi mencionado por funcionários do órgão em carta pública.