Preso dentro do contexto da Operação Lava Jato, acumulando seis anos de prisão desde a primeira detenção, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, colecionou denúncias e processos por diferentes crimes, incluindo corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro, fraude em licitação e formação de cartel.
Em relação ao crime de lavagem de dinheiro, por exemplo, foram 184 acusações, que dariam conta da ocultação de cerca de R$ 40 milhões e movimentação de mais de US$ 100 milhões.
Ao todo, diante dos processos movidos, o ex-governador do Rio de Janeiro recebeu a condenação em 23, com penas que, somadas, ultrapassavam 430 anos de prisão.
Em fevereiro deste ano, em uma reviravolta judicial, Cabral teve a sua prisão domiciliar substituída por medidas cautelares. A partir disso, o político fluminense passou a usar tornozeleira eletrônica, mas com apreensão de passaporte e a necessidade de comparecimento mensal à Justiça.
Em recente entrevista, concedida ao portal Metrópoles, Sérgio Cabral chorou, militou e chamou a direita de “anticristo”. Na ocasião, o político diz ter sido pressionado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para atingir com delações premiadas autoridades que eram consideradas desafetos da operação Lava Jato no Rio de Janeiro e no Paraná.
— Eles são de direita, são preconceituosos”, disse o ex-governador. “Eles têm horror à política de cotas e à vida progressista. Eles são de direita e ainda usam o nome de Deus. Eu sei o que é Deus. Se não fosse ele, eu não estaria vivo hoje. Eu sei o que é Deus estando sozinho em uma cela durante 22 horas por dia. Esses caras não sabem nada sobre o que é Deus. São anticristos. Quantas mulheres, filhos e irmãos eu vi dos presos da Lava Jato? Um método fascista — considerou.
Cabral se referia ao espectro político de direita no país, além da força-tarefa da Lava jato, como o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR); o ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e a Eduardo El Hage, ex-coordenador da operação no Rio de Janeiro.