Um fenômeno. Este é o termo pragmático e realístico para definir a desenvoltura do ‘Direita Pernambuco’ no estado Nordestino em que o espectro político de esquerda é predominante.
Liderada pelo jovem Henrique Santana Souza, de 24 anos, o movimento foi criado em 2014 e tinha objetivo de firmar maior aproximação em torno do eleitorado que se identifica com as ideias conservadoras.
Neste prima, o Direita Pernambuco (DPE), conhecido por ser o principal grupo conservador no estado, passou a ser assunto no cenário local por acenar desde cedo apoio ao então deputado federal Jair Bolsonaro, além de alçar as bandeiras defendidas pelo parlamentar naquela época. A partir disso, o DPE conseguiu exercer influência avassaladora.
Além de Mateus Henrique, o grupo também conta com outros integrantes, incluindo dois nomes que também possuem destaque no cenário local. São eles: Rodrigo Canuto —comprometido com causas que defendem o armamento civil no país e a legítima defesa do indivíduo— e Thiago Medina, estudante e ativista político.
Antagônicos aos movimentos Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua (VPR), que anteriormente acenavam em prol de Jair Bolsonaro e do eleitorado conservador, o Direita Pernambuco buscou, até o presente momento, uma atuação mais isolada, sem convergir com outros ajuntamentos.
De acordo com Mateus, o DPE em toda sua trajetória visou projetar interesses do eixo conservador, mas sem nenhuma espécie de anseio para algo que desviasse o existente objetivo de consolidar bases conservadoras no estado. Por isso, segundo ele, não havia sentido em cruzar bandeiras do grupo com outras pautas que, desde 2014, pareciam apontar para algo em comum.
O grupo defende também cautela em suas articulações e, sendo assim, não costuma lançar líderes do movimento em disputas políticas, conjeturando expansão dos trabalhos de base na sociedade. Meses atrás, conforme registrou o Conexão Política, eles lançaram curso pré-vestibular no valor de R$ 20/mês para pessoas de baixa renda.
A ideia é oferecer uma alternativa acessível de cursinho pré-vestibular, facilitando o ingresso no Ensino Superior.
Ao falar sobre os atos do dia 7 de setembro, conduzidos pelos apoiadores do presidente, e dos atos do último dia 12, organizados pela oposição —incluindo movimentos que abandonaram a simpatia pelo governo federal— Mateus reforçou a autonomia do DPE e a importância de atuar apartado. Para o jovem, não se trata de arrogância ou sectarismo, mas tem a ver com a vontade de uma organização que quer arremessar as pautas conservadoras para o alto e, de forma incisiva, ter êxito em suas devidas projeções.
Liberdade de expressão
A cúpula do Direita Pernambuco, ouvida pelo Conexão Política, acredita que o país atravessa um cenário conturbado no tocante à liberdade de expressão, de imprensa e que abarcam garantias dos direitos individuais.
O DPE, inclusive, já foi alvo de censura imposta pelo Facebook. A empresa retirou do ar, sem maiores detalhes, a página do movimento. À época, com mais de 100 mil curtidas, o grupo registrava um alcance médio de 1 milhão de visualizações.
Agora, o movimento foi alvo da rede social Instagram. Nos últimos dias, segundo Mateus Henrique, o alcance da página passou a ter ascensão recorde, ultrapassando alcance médio de 3 milhões de impressões.
Ele faz questão de frisar que a medida veio a ser executada após a cobertura da página em torno das chamadas ‘motociatas’ do presidente da República, além dos atos de 7 de setembro.
Apesar da ação, o grupo já criou outro arroba, sob endereço de @direita.pernambuco2.
A nossa equipe teve acesso às notificações enviadas pelo Instagram antes da exclusão. Conforme a notificação da rede social, a conta do Direita Pernambuco foi “desativada”. No texto, a empresa diz que é preciso que os responsáveis sigam “as próximas etapas dentro de 30 dias para poder solicitar uma análise”.
Os líderes do DPE, no entanto, asseguram que todas as publicações na rede social estão concentradas em difundir opiniões políticas, além de exercer antagonismo as principais lideranças políticas de Pernambuco e do País.
Não há, segundo a cúpula, nenhuma violação de regras do Instagram, assim como também não receberem retorno de nenhuma publicação classificada como ‘fake news’ ou algo semelhante.
Ao longo de 2021, a rede social removeu outras contas de grupos ligados a um posicionamento político à direita, alegando que as páginas removidas “faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”.
O Conexão Política entrou em contato com o Instagram, que ainda não havia comentado sobre o caso até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para inserção de manifestação oficial.