O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) instaurou um inquérito administrativo para apurar indícios de formação de cartel por parte dos institutos de pesquisas Ipespe, Ipec e Datafolha após graves erros durante o primeiro turno das eleições gerais de 2022.
A medida foi tomada hena tarde desta quinta-feira (13) pelo presidente do órgão, Alexandre Cordeiro Macedo, em comunicação ao superintendente do órgão, Alexandre Barreto.
De acordo com o site O Antagonista, que obteve acesso ao trecho do despacho, Cordeiro diz que “as análises estatísticas” dos resultados das pesquisas desses três institutos “servem para demonstrar que é improvável que os erros individualmente cometidos sejam coincidência”.
Ele pontua, inclusive, que houve erros acima do “compreensível” em 18 dos 19 levantamentos analisados. O nome da empresa que teria acerta os dados não foi mencionado.
Datafolha, Ipespe e Ipec são os principais alvos, uma vez que, segundo Cordeiro, os três institutos apresentaram “resultados idênticos quanto a diferença entre os candidatos [Lula x Bolsonaro], 14%.”
— Chamou a atenção deste Conselho a grande diferença apresentada entre as pesquisas e o resultado das Eleições publicado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A discrepância das pesquisas e do resultado é tão grande que verificam-se indícios de que os erros não sejam casuísticos e sim intencionais por meio de uma ação orquestradas dos institutos de pesquisa na forma de cartel para manipular em conjunto o mercado e, em última instância, as eleições — afirma o presidente do órgão.
Ainda conforme o documento, “quando há uma grande quantidade de pesquisas que falham simultaneamente e no mesmo sentido, é pouco provável que este tipo de erro seja fruto de mero acaso”, destaca o texto.
— A jurisprudência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica é pacífica em reconhecer que a existência de indícios de paralelismos de conduta e coincidências de agentes econômicos sem que haja explicação plausível, pode indicar a configuração de infrações à ordem econômica e de acordos colusivos — acrescenta o Cade.