O Conexão Política conversou, sob a condição de anonimato, com fontes ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para saber se há uma movimentação interna no Partido Liberal em torno das próximas eleições no país.
A resposta é sim, e envolve, principalmente, Bolsonaro.
No último domingo, 16, um veículo de grande circulação no país disse, entre outras coisas, que o direitista cogita a possibilidade de ser candidato ao Senado Federal em 2026.
De modo reservado, aliados políticos e pessoas próximas confirmaram a informação a este jornal digital. Bolsonaro externou que pretende se candidatar à Casa Alta do Congresso.
O ‘sim’ de Bolsonaro
Inicialmente, a possibilidade foi ventilada pelo cacique Valdemar Costa Neto, que não esperava uma resposta tão positiva. No entanto, desde que chegou dos Estados Unidos, o ex-presidente tem visto a ideia com muito bons olhos.
A reação do militar da reserva surpreendeu, é claro.
Para 2026, o entendimento que tem sido explorado é a tentativa de repetir o feito de 2022 no Legislativo. O foco, então, seria conquistar um número ainda mais expressivo de deputados federais e, especialmente, senadores, na próxima eleição.
Família em cena
Outro ponto em discussão é a junção da família no pleito geral futuro. Se tudo se confirmar, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Michelle Bolsonaro também entrarão na disputa ao Senado, compondo um superbloco bolsonarista. Em efeito cascata, além da garantia dos quatro nomes, o PL teria também a presença física e constante do clã parental.
Origem eleitoral
Há também um outro fator que chama ainda mais atenção: o reduto eleitoral de origem. Jair Bolsonaro sairia do seu estado, o Rio de Janeiro, e se lançaria candidato em uma outra zona. O intuito é colocá-lo na disputa por um lugar que o elegeria sem nenhuma dificuldade.
Os estados com maior índice de bolsonarismo serão colocados como prioridade no radar. São eles: Mato Grosso, Distrito Federal, Roraima e Rondônia, com probabilidade superior nos dois últimos locais citados.
— Valdemar cogita que Bolsonaro saia candidato por Roraima — pontuou uma das fontes ouvidas pelo Conexão Política.
Em Roraima, no primeiro turno das eleições de 2022, Lula venceu em apenas uma cidade, enquanto Bolsonaro cravou maior percentual de votos do Brasil no estado. No turno seguinte, o cenário se repetiu. O então presidente e candidato derrotado do PL à reeleição foi o mais votado pela população roraimense, arrastando 76,08% dos votos, onde garantiu a maior numeração entre todos os estados do país.
Em Rondônia, o cenário foi semelhante. Bolsonaro venceu os dois turnos com votação disparada. Além disso, tanto o Coronel Marcos Rocha (União Brasil), que já era governador e foi reeleito —, quanto o senador Marcos Rogério (PL), que tentava o Executivo estadual, sendo o segundo mais votado —, são apoiadores de Bolsonaro.
Tabuleiro político
Com as peças sendo enfileiradas, o tabuleiro da família Bolsonaro vai ganhando composição e, de antemão, abrindo o leque de fatores que devem ser considerados.
Por ora, se nada for alterado, a projeção deve ficar da seguinte maneira:
Eduardo Bolsonaro — candidato ao Senado pelo Estado de São Paulo;
Flávio Bolsonaro — senador à reeleição pelo Estado do Rio de Janeiro;
Jair Bolsonaro — candidato ao Senado pelo Estado de Roraima ou Rondônia;
Michelle Bolsonaro — candidata ao Senado pelo Mato Grosso ou Distrito Federal.
Status jurídico
Até 2026, no entanto, muitas águas devem rolar debaixo da ponte política.
Jair Messias Bolsonaro enfrenta 16 processos em andamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por acusações de supostas ilegalidades cometidas durante a campanha. Todas as ações apuram se houve abuso de poder econômico, abuso de poder político e abuso do uso dos meios de comunicação.
Das 16, 8 ações foram propostas pelo PT e sua coligação, 6 apresentadas pelo PDT e 2 protocoladas pela senadora e ex-candidata à Presidência Soraya Thronicke (União Brasil).
Todos os processos acusam o direitista de ter se aproveitado do cargo e da estrutura presidencial no âmbito político e eleitoral.
Caso seja condenado em alguma das ações, considerando algum tipo de extrema gravidade na conduta, a consequência pode ser a inelegibilidade por um prazo de oito anos. Por consequência, Bolsonaro não poderia participar das próximas duas campanhas presidenciais, além de ficar fora das eleições municipais.