O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir Marcelo Álvaro Antônio do cargo de ministro do Turismo nesta quarta-feira (9).
A exoneração será publicada em edição do Diário Oficial da União (DOU).
O motivo da demissão diz respeito a uma discussão em um grupo de WhatsApp que envolve o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
Álvaro Antônio teria dito que o ministro da Segov estaria “entregando tudo” ao centrão, inclusive o próprio Ministério do Turismo.
“Não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados […] Ministro Ramos, o Sr é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida, quero chegar ao fim da minha jornada EXATAMENTE como meus pais me ensinaram, LEAL aos meus companheiros e não um traíra como o senhor (sic)”, diz trecho da mensagem [ÍNTEGRA AO FINAL DA MATÉRIA].
O chefe do Executivo, por sua vez, teria se irritado ao ver a exposição de mais uma briga entre integrantes do governo.
Fontes internas do Palácio do Planalto informaram ao Conexão Política que o mais cotado para assumir o posto é Gilson Machado, atual presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
ENTENDA O IMBRÓGLIO
O agora ex-ministro do Turismo fazia parte do grupo de civis e fiscalistas do governo, todos alinhados ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em comum, eles defendem a preservação do teto de gastos, as reformas estruturantes e o ajuste fiscal, conforme preconiza o ideal liberal.
Somado a Guedes, o grupo é representado principalmente pelos ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central [cargo que possui status de ministro], além de Filipe Martins, chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência.
A queda de Marcelo Alvaro Antônio representa uma vitória dos militares e desenvolvimentistas, que são os generais com cargo no Executivo, apontados como autores das articulações com o centrão, representados principalmente nas figuras de Walter Braga Netto, da Casa Civil, o próprio Luiz Ramos, da Secretaria de Governo, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional.
Em comum, eles defendem a indução da atividade econômica pelo Estado e aumento dos investimentos públicos, principalmente em obras.
ÍNTEGRA DA MENSAGEM ENVIADA POR ÁLVARO ANTÔNIO
Caros colegas, de antemão peço desculpas por utilizar este espaço com objetivo que não seja a construção de um Brasil melhor.
Ministro Ramos, sinceramente não sei onde o Sr estava nos anos 2016, 2017, 2018…
Mas eu, junto ao Ministro Onix e outros membros do governo, já estava na Câmara do Deputados articulando em favor da então candidatura do Presidente JB (em um momento que quase ninguém acreditava na eleição dele). Na ocasião da campanha, percorri TODAS as regiões do estado de MG de carro para organizar as ações da campanha, dormindo na maioria das vezes 4 / 5 horas por noite, levando as pessoas a minoria a acreditar que precisávamos dele para mudar o Brasil (a maioria naquele momento já acreditava).
Quem estava na campanha eram os conservadores que hoje o senhor ataca sem parar, de forma covarde.
Quando indicado ao Presidente pelo ministro Onix, procurei incansavelmente honrar nosso Capitão à frente do Ministério do Turismo. O trabalho me parece que surtiu efeito… Em 2019 vivemos o melhor momento da história do ministério:
– Enquanto a própria economia (PIB) cresceu 1,1% a economia do Turismo cresceu 2,6 (mais que o dobro);
– Geramos 163% a mais de empregos que o mesmo período do ano anterior;
– Com a ajuda do Itamaraty e da Assessoria Internacional do Presidente, isentamos de vistos quatro países estratégicos EUA, Japão, Canadá e Austrália, isso nos permitiu bater alguns recordes, pela primeira vez na história Cataratas do Iguaçu ultrapassou a barreira de 2 milhões de visitantes em 2019;
– A transformação da EMBRATUR em uma agência de promoção internacional (um pleito de mais de 10 anos) vai sem dúvida em médio prazo trazer grandes resultados;
– Fui a Madri em bate e volta, fiz três reuniões, resultado: Conseguimos atrair o Wakalua, o maior hub de inovação e tecnologia em soluções para o turismo do mundo, o escritório será aberto no próximo semestre (vai nos trazer GRANDES avanços);
Conseguimos atrair a Air Europa para operar no Brasil (Já homologada pela ANAC); Conseguimos atrair o Escritório da Organização Mundial do Turismo (OMT), será instalado no RJ, ação que vai colocar o Brasil na vitrine dos investimentos do turismo no mundo.
– Na pandemia as ações do Ministério do Turismo (junto ao ME) foram alvo de gratidão e reconhecimento desde os maiores empresários do Trade turístico até os mais simples Guias de Turismo.
Enfim, dito isso, não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados.
Ministro Ramos, o Sr entra na sala do PR comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o ALTÍSSIMO PREÇO que tem custado, conheço de parlamento, o nosso governo paga um preço de aprovações de matérias NUNCA VISTO ANTES NA HISTÓRIA, e ainda assim (na minha avaliação), não temos uma base sólida no Congresso Nacional, (tanto que o Sr pede minha cabeça pra tentar resolver as eleições do parlamento, ironia, pede minha cabeça pra suprir sua própria deficiência)…
Nem por isso Ministro Ramos, fui ao PR pra dizer que o Sr não capacidade pra atuar em tal função, AO CONTRÁRIO, várias vezes ofereci ajuda pra que o Sr tivesse êxito em suas atribuições (ex: Contratação do Carlos Henrique, abrindo espaços no MTur).
SOMOS UM TIME PELO BRASIL, o Sr deveria ter aprendido na sua própria formação militar que não se joga um companheiro de guerra aos inimigos, não se pode atirar na cabeça de um aliado…
Ministro Ramos, o Sr é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida, quero chegar ao fim da minha jornada EXATAMENTE como meus pais me ensinaram, LEAL aos meus companheiros e não um traíra como o senhor.
Tenha um Bom dia!