Rubens Ometto, CEO da Cosan e doador de R$ 1 milhão ao PT durante a eleição presidencial de 2022, criticou duramente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A crítica veio em resposta à medida provisória que limita o uso de créditos de PIS/Cofins para compensar a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e pequenos municípios, impactando diretamente o comércio de combustíveis.
A medida já provocou um aumento nos preços dos combustíveis, com a rede Ipiranga anunciando um reajuste para esta terça-feira (11). Ometto acusou o governo de “morder, tomar dinheiro pelas beiradas e desrespeitar a lei” para aumentar a arrecadação de impostos. Ele fez essas declarações durante o Fórum Esfera Brasil 2024, realizado no Guarujá (SP) neste final de semana.
Ometto destacou que a gestão de Lula está focada na arrecadação excessiva, o que prejudica o setor privado. “Do jeito que está, com o governo querendo meter a mão, querendo taxar tudo, não dá”, afirmou. Ele acrescentou que a medida provisória do PIS/Cofins cria um efeito dominó negativo na sociedade. “O exemplo tem de vir de cima, e quando o exemplo é ruim, contamina a organização toda”, observou.
Além de criticar a política fiscal, Ometto também atacou a relação entre os Três Poderes, descrevendo-a como uma disputa por espaço que afeta a estabilidade econômica. “O Executivo faz ‘embargos auriculares’ no Poder Judiciário, influenciando decisões nos bastidores, e isso resulta em uma autuação excessiva sobre as empresas. O Judiciário invade a área do Legislativo, que por sua vez reage contra ambos”, disse.
Para Ometto, a alta carga tributária imposta pelo governo é ineficaz e prejudica a iniciativa privada, que, segundo ele, é mais eficiente na gestão de recursos e na geração de empregos. “Temos de bater nessa tecla: o dinheiro na mão da iniciativa privada rende muito mais para o país do que na mão do governo”, afirmou, criticando o aumento de arrecadação como um movimento que “tira o dinheiro de quem trabalha com eficiência”.
O CEO da Cosan também comentou sobre a atual taxa básica de juros de 10,5%, dizendo que ela cria uma insegurança jurídica e encarece o custo do dinheiro. Para ele, essa situação é um reflexo das políticas econômicas do governo. Ometto acredita que, se o governo controlasse melhor a questão fiscal e organizasse o ambiente econômico, os juros poderiam cair de maneira sustentável, estimulando o crescimento e o desenvolvimento econômico, como observado no primeiro mandato de Lula.