Usar a política para transformar o mundo é construir a tirania.
O campo político é visto, por alguns, como sendo o único modo efetivo de se fazer um mundo melhor. Mas usar a política para transformar o mundo é construir a tirania. Pois é no meio institucional que há, com ou sem democracia, a supressão de ideias menos populares em detrimento das mais, isso é o mal maior que sucumbe a liberdade responsável e inquieta o Ser.
Há uma má interpretação que reduz o desenvolvimento antropológico à simples política. E aí está a mentalidade positivista, diga-se, de usar o Poder para deformar o Homem, tirando-o autonomia na escolha e o atirando em uma vida social planejada, assim como é feito com suas ideias caso desagrade.
A cultura é a única que se mostra oponente à transformação feita de cima para baixo, à força.
O filme O Pianista, por exemplo, mostra a dificuldade que a Polônia passou nas mãos do Nazismo. País que também sofreu o horror soviético. Ambas formas de tirania política com finalidade de fornecer um mundo perfeito. No filme, vê-se a resistência do Homem simples — em especial na pele do pianista de família judaica Wladylaw Szpilman — em enfrentar a totalidade ideológica. O Pianista não apela à linguagem maniqueísta da guerra política. A ver, quando o pai da família, o personagem Father (Frank Finlay), culpa aos judeus banqueiros norte-americanos por não influenciar os EUA a entrarem cedo na guerra contra os nazistas. E foi além, destacou que até em um nazista pode haver resquícios de bondade, como no Wilm Hosenfeld, capitão nazista que no filme ajudou o pianista e, na vida real, ajudou este e outros judeus.
Dessa forma a arte mostra-se proeminente em analisar as ações verdadeiras.
Em meio ao desespero de poder ser morto por uma ideia maligna, geralmente, o indivíduo busca acolhimento noutra: erro cometido pelo movimento fascista com medo das revoluções — e vice-versa. Mas sempre há uma resistência interna no indivíduo que buscará o virtuoso — como o pianista buscou a vida, a música, a família —, escapando das ideologias, para estar ciente que viver é muito mais complexo do que fazer política — a isso chame-se de fuga da alma.