O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira (12) que não foi procurado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir o pacote de revisão de gastos públicos proposto pela equipe econômica. “Não teve nenhum chamado”, disparou.
A declaração foi feita durante sua chegada a um evento da bancada evangélica, realizado em uma churrascaria de Brasília, com a presença de Hugo Motta (Republicanos-PB), considerado o favorito para a presidência da Câmara em 2025.
Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha sinalizado anteriormente que se reuniria com os líderes do Legislativo, incluindo Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para apresentar e discutir o pacote de medidas, até o momento, nenhum encontro entre Haddad e Lira foi agendado.
Por outro lado, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi convidado para uma reunião com o presidente Lula no Palácio do Planalto, marcada para quarta-feira (13) às 9h. No entanto, o conteúdo exato da pauta do encontro ainda não foi divulgado.
Divisões internas e pressões sobre Haddad
A proposta de revisão de despesas públicas tem gerado tensões não apenas entre o governo e o Congresso, mas também dentro da própria base aliada do PT. As medidas incluem possíveis cortes e revisões em áreas sensíveis, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), o Fundeb, o seguro-desemprego e o abono salarial. A abordagem enfrenta resistência dentro do partido e de aliados próximos, que veem riscos políticos em alterar programas sociais.
O ministro Haddad está sob pressão para apresentar um plano que dê sustentabilidade ao novo marco fiscal, que substituiu o antigo teto de gastos em 2023. Segundo analistas financeiros, essas medidas são vistas como essenciais para que o governo atinja suas metas fiscais, mas há dúvidas sobre a capacidade do Executivo em implementá-las, dada a resistência política.
Preocupações do mercado
Especialistas e agentes do mercado financeiro avaliam que, sem o ajuste proposto, o governo federal poderá enfrentar dificuldades para cumprir as metas fiscais estabelecidas para os próximos anos, incluindo 2024 e 2025. Há uma crescente preocupação sobre a sustentabilidade do novo marco fiscal, especialmente diante de previsões de que o governo não conseguirá atingir os objetivos projetados.