Os desentendimentos entre João Doria, governador de São Paulo, e Aécio Neves, deputado federal, ganharam mais um novo capítulo.
Ambos do PSDB, os dois políticos estão trocando ataques por todos os lados, seja nos bastidores, seja em público.
João Doria, que tenta ser candidato do partido na disputa presidencial de 2022, já articula formas de consolidar o nome dele como representante da sigla.
Na noite desta segunda-feira (8), Doria chegou a promover um jantar com a finalidade de descurtir a expulsão de Aécio do partido.
Assim que soube do ocorrido, Aécio divulgou uma nota em que chama o governador paulista de ‘oportunista’ além de dizer que o partido ‘não tem dono’.
“O destempero do governador se deve, na verdade, à sua fracassada tentativa de se apropriar do partido, como ficou explicitado no jantar promovido por ele ontem, que tinha como objetivo afastar o atual presidente Bruno Araújo, para que ele próprio assumisse a presidência do PSDB”, diz a nota.
A disputa interna entre os dois não está relacionada somente ao comando do partido, mas também em diversas articulações políticas. Segundo fontes internas do PSDB, Doria ficou indignado quando soube que, supostamente, Aécio teria articulado para manter o partido neutro nas eleições da presidência da Câmara dos Deputados – o que favoreceria Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e enfraqueceria Baleia Rossi (MDB-SP), nome escolhido por Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Aécio foi além e acusou João Doria de usar o nome de Bolsonaro pra vencer as eleições de 2018 no estado de São Paulo.
“Se o Sr. João Dória, por estratégia eleitoral, quer vestir um novo figurino oposicionista para tentar apagar a lembrança de que se apropriou do nome de Bolsonaro para vencer as eleições em São Paulo, através do inesquecível Bolsodoria, que o faça, sem utilizar indevidamente e de forma oportunista outros membros do partido”, provocou o parlamentar mineiro.
Por fim, Neves disse que o colega de legenda precisar “conquistar a simpatia do partido” ao invés de tentar se apropriar da legenda com manobras políticas.
“O governador Doria deveria buscar conquistar a simpatia do partido, ao contrário, ele busca tomar o partido para si. Criou um problema artificial tendo como objetivo tirar da presidência Bruno Araújo, assumir o seu lugar, impedir prévias e não dar margem para qualquer possibilidade do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, crescer na preferência da militância. Usou Aécio Neves como instrumento”, finalizou.