O filósofo e professor da USP, Vladimir Safatle, de 50 anos, filiado ao PSOL e suplente de deputado federal, afirmou em entrevista ao UOL que a esquerda brasileira, especialmente o PT, enfrenta uma grave crise de representatividade, especialmente nas regiões periféricas.
Como tem noticiado o Conexão Política, a direita tem registrado uma disparada em todo o país, inclusive entre os mais pobres, em cidades e bairros menos favorecidos socialmente. Ao falar sobre o cenário atual, Safatle apontou que a esquerda “não tem o que dizer à periferia”, apontando que o resultado do primeiro turno das eleições de 2024 serviu como um “alerta vermelho” para o PT.
Em sua avaliação, se tudo continuar como está, a direita, rotulada por ele como “extrema”, tem grandes chances de retornar ao poder em 2026. O filósofo criticou a ausência de propostas concretas da esquerda que atendam às necessidades da população das periferias, como melhorias nas áreas de educação e proteção social.
A esquerda, diz ele, não está ofertando projetos estruturais como ensino público secundário gratuito ou investimentos sólidos no sistema educacional. Ele acredita que a direita, ao promover o discurso do empreendedorismo e do “cada um por si”, tem conseguido capturar essa parcela da sociedade.
Além disso, o filósofo expressou preocupação com o envelhecimento das lideranças do PT e a falta de renovação de quadros, o que, segundo ele, tem contribuído para a estagnação do partido. Ele criticou ainda a falta de novas pautas e diretrizes que marcaram governos anteriores, como o Bolsa Família e o Ciência Sem Fronteiras.
Para Safatle, o PT se tornou um partido “populista de esquerda”, que tenta conciliar demandas contraditórias, levando a uma “esquizofrenia” política que impede avanços reais. Ele também mencionou que, atualmente, a esquerda se vê presa na defesa do Judiciário, das instituições e da normalidade democrática, o que a distancia de uma postura antissistema, algo que Safatle acredita ser necessário para enfrentar a ascensão da direita. Isso potencializa, conforme dito ao portal, a morte da esquerda como força transformadora no Brasil.