A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e o China Media Group (CMG) assinaram no dia 13 de novembro, em Brasília, um acordo de cooperação para “troca de programas, compartilhamento de conteúdos, produção conjunta, transmissão cooperativa, formação de pessoal e intercâmbio tecnológico”. O ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra, participou da cerimônia.
Em discurso durante a assinatura do acordo que ocorreu na sede da EBC, o presidente do CMG, Shen Haixiong, afirmou que a orientação de firmar o convênio com a EBC partiu do ditador comunista chinês, Xi Jinping.
“[Xi Jinping] disse que devemos promover o intercâmbio entre povos, reforçar a cooperação no setor cultural, impulsionar o intercâmbio em futebol e na medicina tradicional chinesa, duas áreas características de ambos”, disse Haixiong.
“Sendo veículo de imprensa, nós temos essa missão importante de aprofundar a amizade e o conhecimento mútuo entre povos e promover o intercâmbio e a cooperação em todas as áreas. Por isso, estamos em momento oportuno para as mídias dos dois países iniciarem a cooperação de benefício recíproco”, destacou o presidente do CMG.
EBC
A Empresa Brasil de Comunicação, mais conhecida pela sigla EBC, é uma empresa pública federal que possui um conglomerado midiático no Brasil: TV Brasil, Rádio EBC, Rádio Nacional, Rádios MEC e MEC FM, Radioagência Nacional, Agência Brasil, Portal EBC, Rede Nacional de Comunicação Pública e EBC Serviços (A Voz do Brasil).
A EBC foi criada em 2007, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para prestar serviços de radiodifusão pública e gerir as emissoras de rádio e televisão públicas federais. Ela também é responsável pela EBC Serviços, ramo que produz ‘A Voz do Brasil’ para a Secretaria de Governo da Presidência da República, gerencia a Rede Nacional de Rádio, licencia os programas dos veículos da EBC, fornece monitoramento e análise de mídias sociais e realiza todo o trabalho de publicidade legal para os órgãos da administração pública federal.
CMG
O China Media Group (CMG) é um grupo estatal do Partido Comunista Chinês criado em 2018 como resultado da fusão da Televisão Central da China (CGTN), a Rádio Nacional da China e a Rádio Internacional da China.
Segundo a EBC, o acordo firmado entre as empresas estatais substitui e amplia termo de cooperação anterior entre a EBC e a CGTN – assinado em 2015 e prorrogado em 2017 –, tem validade de 60 meses (5 anos) e não prevê repasse de recursos.
Monopólio comunista da informação
A estratégia do regime chinês em expandir seu domínio e difundir sua propaganda através da mídia mundial têm sido realizada com êxito. O grupo estatal chinês é o maior conglomerado de comunicação do mundo em escala de operações: opera 47 canais de TV (com conteúdo em seis idiomas e alcance de 162 países), 17 emissoras de rádio e produção de conteúdo radiofônico em 44 idiomas. Além de rádio e TV, o CMG administra 3 sites de notícia e 20 jornais e revistas de circulação nacional.
Promoção dos valores comunistas chineses
A parceria com os chineses foi festejada pelo diretor-presidente da EBC, Luiz Carlos Pereira Gomes.
Em discurso, ele assinalou que “a cobertura de grandes eventos jornalísticos de forma conjunta, com troca de matérias jornalísticas, bem como possibilidade de veiculação de programação que promova os valores sociais e culturais de nossos países, também se constituem em importantes áreas a serem exploradas nesta parceria”.
Em conversa com repórteres, o presidente da EBC afirmou que a iniciativa do acordo foi do governo chinês e tem caráter estratégico.
“É uma oportunidade de projetar [nosso] país em outro país sobre as nossas riquezas, sobre o nosso turismo, sobre a parte educacional. Tudo isso contribui para o Brasil ganhar, para crescer e ser mais respeitado no concerto das nações”, declarou Luiz Carlos Pereira Gomes.
Para o presidente da EBC, as produções televisivas e de outros meios podem ajudar a agregar valor à pauta comercial do Brasil com a China.
Luiz Carlos Pereira Gomes, que morou na China em 2005, quando estudou na Universidade de Defesa Nacional, reforçou a importância da EBC.
“Como empresa de comunicação pública, nós somos estratégicos para o país, pela radiodifusão pública, isso tudo indica poder. Quem tem a comunicação hoje tem poder”, disse.
Canal de streaming
A assinatura do acordo entre EBC e CMG ocorre em meio a diversas reuniões bilaterais que fazem os governos brasileiro e chinês no âmbito da Cúpula do Brics, coalizão formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O CMG também assinou um termo de cooperação com o Ministério das Cidades, na sede da EBC. Entre as possibilidades de parceria, há a ideia de criação de um canal de streaming para circulação de produções de cinema do Brasil e da China.
“O cinema chinês está entre os melhores do mundo e é uma referência estética e plástica. É um cinema muito bonito”, defendeu o ex-ministro Osmar Terra.