A irmã do ditador norte-coreano Kim Jong Un emitiu uma ameaça militar contra a Coreia do Sul, prometendo retaliação não especificada sobre ativistas sul-coreanos que lançaram, ao norte, panfletos com informações para possivelmente alertar a população norte-coreana sobre o regime socialista.
Os lançamentos ocorrem geralmente por balões de gás. Nestes balões, além dos panfletos, coreanos no Sul também enviam comida à população oprimida do Norte.
Em uma declaração no final deste sábado (13), Kim Yo Jong prometeu que seu país “tomaria uma próxima ação” contra a Coreia do Sul – uma medida que ela sugeriu que seria realizada pelos militares do país.
“Ao exercer meu poder autorizado pelo Líder Supremo, pelo nosso Partido e pelo Estado, dei instruções aos braços do departamento encarregado dos assuntos com o inimigo para realizar decisivamente a próxima ação”, disse Kim Yo Jong através da mídia estatal KCNA.
Ameaça ao pacto militar
Foi a ameaça mais direta já realizada durante o recente esforço da Coreia do Norte para elevar unilateralmente as tensões com o sul. Na semana passada, Pyongyang disse que cortaria todos os canais oficiais de comunicação com Seul e ameaçaria anular um acordo militar inter-coreano destinado a reduzir as tensões.
Alguns analistas dizem que a Coreia do Norte parece estar preparando as bases para uma provocação significativa, possivelmente a mando da China, como aviso aos EUA.
A última escalada nas tensões inter-coreanas coincide com os rumores sobre a saúde de Kim Jong Un. Kim, um prolífico fumante que ganhou muito peso nos últimos anos, e teve poucas aparições públicas em 2020.
No início deste ano, relatos da mídia não confirmados sugeriam que Kim havia passado por uma operação cardíaca. Alguns jornais informaram incorretamente que ele havia morrido. Mais tarde, ele apareceu em público, sem sinais óbvios de novos problemas de saúde.
Em meio aos rumores, a irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, parece estar sendo preparada para suceder o irmão. Ela assumiu um papel de liderança maior, aparecendo frequentemente na mídia estatal e emitindo diretrizes, especialmente relacionadas às relações inter-coreanas.
Este mês, Kim Yo Jong mirou desertores norte-coreanos no sul, que durante anos lançaram panfletos anti-regime na fronteira.
O governo da Coreia do Sul, que deseja desesperadamente melhorar os laços com o Norte, tentou aplacar as preocupações de Pyongyang, prometendo legislar uma proibição formal de tais lançamentos e reprimindo grupos que enviam os panfletos.
Mas, apesar desses passos, a Coreia do Norte continuou gerando a sensação de crise com Seul, permitindo até comícios em Pyongyang para protestar contra o lançamento de folhetos.
“Cada dia mais fortes ficam as vozes unânimes de todo o nosso povo que exige um acerto de contas com a escória que ousou prejudicar o prestígio absoluto de nosso Líder Supremo que representa nosso país”, disse Kim Yo Jong em seu comunicado neste sábado (13).
“Acho que é hora de romper com as autoridades sul-coreanas”, disse ela. “Em breve, tomaremos uma próxima ação.”
“O lixo deve ser jogado no lixo”, acrescentou.