O Conselho de Guardiões do Irã, um órgão constitucional iraniano, aprovou uma lei que exige que o governo suspenda as inspeções das Nações Unidas nas instalações nucleares do país e aumente o enriquecimento de urânio além do limite estabelecido no acordo nuclear de 2015 entre Teerã e potências mundiais, se as sanções não forem abrandadas em um mês.
O conselho aprovou a legislação em 2 de dezembro, um dia depois de ter sido chancelada no Parlamento iraniano, o que foi visto como uma demonstração de retaliação, após a morte de um proeminente cientista nuclear iraniano na semana passada.
Sob a nova lei, o governo é obrigado a suspender as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), se as potências ocidentais que ainda são signatárias do acordo nuclear de 2015 – Grã-Bretanha, França, Alemanha, China e Rússia – não restabelecerem o acesso do Irã aos mercados bancários e de petróleo mundiais dentro de um mês.
A lei também pede que o Irã retome o enriquecimento de urânio com pureza de 20% “para usos pacíficos”.
O Irã atualmente enriquece um estoque crescente de urânio em cerca de 4,5%, acima do limite de 3,67% do acordo, mas abaixo dos 20% que o Irã havia alcançado antes e os 90% de pureza considerados adequados para armas.
Teerã sempre negou ter buscado armas nucleares, dizendo que seu programa nuclear era “estritamente para fins civis”.
O projeto foi apresentado pela primeira vez no parlamento no verão iraniano, mas ganhou novo ímpeto após a morte de Mohsen Fakhrizadeh, que era a figura central do programa nuclear secreto do país, nos arredores de Teerã, em 27 de novembro.
Ninguém assumiu a responsabilidade, mas as autoridades iranianas culparam Israel, um grupo de oposição exilado, e a Arábia Saudita pelo assassinato.
Autoridades israelenses se recusaram a comentar o assassinato, enquanto o grupo de oposição iraniano e a Arábia Saudita também negaram qualquer envolvimento.