Na terça-feira (28), a Grã-Bretanha decidiu permitir a Huawei a desempenhar um papel limitado no fornecimento de novos equipamentos de rede de alta velocidade para operadoras de celular, ignorando os avisos de Washington.
O fabricante chinês de telecomunicações Huawei poderá fornecer peças para redes britânicas 5G, mas essas não poderão ser utilizadas no núcleo da rede. Além disso, a Huawei não poderá fornecer peças para uso em “locais sensíveis”, como bases militares ou usinas nucleares, decidiu o Conselho de Segurança Nacional britânico.
A Huawei e outros fornecedores com um risco aumentado poderão fornecer no máximo 35% do equipamento necessário. O Conselho de Segurança Nacional continua a avaliar esse limite. A parcela permitida de empresas de alto risco ainda poderá diminuir.
A organização empresarial Confederação da Indústria Britânica chamou a decisão de ‘compromisso sensato’, segundo o qual o Reino Unido ‘mantém acesso à tecnologia mais recente’, mas também incorpora as ‘garantias necessárias’.
A empresa chinesa é controversa porque tem laços muito próximos com o governo comunista chinês e o equipamento poderia facilmente ser usado para espionagem. Os Estados Unidos, entre outros, baniram a Huawei. O país alertou o Reino Unido, aconselhando-os a manter a Huawei de fora e disse estar decepcionado com a decisão britânica. Além disso, um alto funcionário dos EUA disse que gostaria de manter “fornecedores não confiáveis” fora das redes 5G com os britânicos.
A Huawei nega as acusações de espionagem.
Redes confiáveis
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, esteve em Londres à beira da saída da Grã-Bretanha da União Europeia para conversas focadas em um acordo de livre comércio pós-Brexit e na decisão do Reino Unido de permitir que a empresa chinesa de tecnologia Huawei desempenhe um papel na rede sem fio de alta velocidade no país.
Pompeo se reuniu na quinta-feira (30/01) com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson para enfatizar novamente as preocupações americanas com a Huawei e a possibilidade de sua entrada no mercado afetar a cooperação de inteligência EUA-Grã-Bretanha.
Autoridades dos EUA disseram acreditar que a decisão britânica não afetaria muito as negociações sobre um acordo comercial, mas poderia prejudicar outros aspectos do relacionamento com o qual a Grã-Bretanha conta, após o ‘divórcio’ da UE que entrou em vigor na sexta-feira (31/01).
“Estávamos pedindo que eles tomassem uma decisão diferente da que eles tomaram, e agora teremos uma conversa sobre como proceder”, disse Pompeo a repórteres que viajavam com ele na viagem à Europa e Ásia Central.
“Nossa visão da Huawei é que colocá-la em seu sistema cria riscos reais. Ela é uma extensão do Partido Comunista Chinês com um requisito legal para entregar informações ao Partido Comunista Chinês. Vamos avaliar o que o Reino Unido fez…Precisamos de um tempo para avaliar isso. Mas nossa visão é de que devemos ter sistemas ocidentais com regras ocidentais, e as informações americanas devem passar apenas por redes confiáveis, e garantiremos isso”, afirmou Pompeo.
Espionagem eletrônica
Os EUA têm alertado seus aliados quanto as suas preocupações com a Huawei, por acreditar que ela possa ser obrigada a ajudar na espionagem eletrônica, depois que o Partido Comunista Chinês de Xi Jinping promulgou uma lei nacional de inteligência de 2017.
As autoridades americanas também temem que as redes 5G confiem pesadamente em software, deixando-as abertas a vulnerabilidades, e alertaram repetidamente que teriam que reconsiderar o compartilhamento de inteligência com aliados que usam a Huawei.
“Existem grandes e amplas questões de segurança nacional. Nossos militares operam juntos. Existem enormes questões comerciais. Existem grandes problemas comerciais. E obviamente existem questões relacionadas às telecomunicações e sua segurança”, afirmou Pompeo.
Trump prometeu que os EUA e a Grã-Bretanha negociarão um grande acordo de livre comércio assim que o Brexit estiver completo e as autoridades já começaram as discussões sobre o plano.
A Grã-Bretanha deixou a UE na sexta-feira (31) após 47 anos de filiação, tornando-se o primeiro país a deixar o bloco.