O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), procurou o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para ouvi-lo sobre mudanças legislativas que podem ser feitas a partir do relatório final da CPI.
O jurista defende que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o presidente da Câmara deixem de ter “poderes imperiais” para arquivar parecer de uma investigação parlamentar.
“Achei democrática, responsável, coerente a atitude do Renan, enquanto relator da CPI. Reafirmei a ele a importância de propor mudanças legislativas, uma das funções da CPI, para retirar das mãos do presidente da Câmara e da PGR os poderes imperiais que definem se o relatório final será simplesmente arquivado ou se o plenário da Câmara terá a última palavra sobre o possível crime de responsabilidade”, declarou Kakay.
Renan tem consultado especialistas em Direito para embasar o parecer da CPI, que deve ser entregue até o fim de setembro.
Alguns congressistas, como a senadora Simone Tebet (MDB-MS), acreditam que o relatório pode ser um fator “muito forte” para eventual abertura de impeachment contra o chefe do Executivo.
Outros, como o senador Marcos Rogério (DEM-RO), afirmam que a cúpula do colegiado “não quer investigar corrupção de verdade, e aí ficam trabalhando em cima de narrativas”.
Kakay
Eleitor do ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva e grande amigo do ex-ministro José Dirceu, acredita-se que o advogado tenha ganhado muito dinheiro durante o governo do PT.
Em Brasília, Kakay é o nome certo a ser procurado quando o assunto é crime de colarinho branco. Só na Operação Lava Jato colecionou pelo menos 17 clientes – todos políticos do mais alto escalão.
Com a fama e a sucessão de escândalos ao longo dos últimos anos, a clientela do jurista aumentou. E ele próprio reconhece isso, apesar de negar que tenha enriquecido no período da gestão petista.
Kakay ficou ainda mais “famoso” após ele mesmo publicar uma imagem em que aparece de bermuda e camisa de mangas curtas pelos corredores do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pelo código de vestimenta da Corte, os homens têm de andar de terno, gravata e paletó. Posteriormente, ele pediu desculpas e disse que “não quis desdenhar” do Judiciário.