O vice-presidente da Câmara, deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), tem aumentado seus gestos de aproximação com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas semanas, buscando diálogo com deputados do PT de olho na corrida pela presidência da Casa em fevereiro de 2025.
Embora ainda haja um ano e quatro meses até a eleição legislativa, a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) já é um tema abordado em conversas reservadas no Congresso. Lira não poderá buscar uma nova reeleição e planeja transferir seu capital político na Câmara para um sucessor. Além de Marcos Pereira, outros nomes têm sido mencionados, incluindo os deputados Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil, Antonio Brito (BA), líder do PSD, e Isnaldo Bulhões (AL), líder do MDB.
Na perspectiva de parlamentares ouvidos pelo Conexão Política, o adiamento da votação do projeto de lei sobre tributação de fundos exclusivos e offshores expôs as tensões na disputa pelo comando da Câmara. Oficialmente, os líderes que se opuseram à votação do projeto afirmaram que havia um acordo com Lira para votá-lo nesta terça (24), quando o presidente da Casa e outras lideranças já teriam retornado de uma viagem oficial ao exterior.
No entanto, nos bastidores, parlamentares de diferentes correntes políticas veem uma conexão política (e não estamos falando deste jornal digital) entre o adiamento e a eleição de 2025. Isso ocorre porque Marcos Pereira tentou agilizar a votação do projeto, considerado prioritário pela equipe do Ministério da Fazenda para aumentar a arrecadação federal, e enfrentou resistência do PP e União Brasil.
Líderes da Câmara avaliam que a aprovação desse projeto, fundamental para os planos de Fernando Haddad, aumentaria a influência de Pereira no Palácio do Planalto e destacaria sua capacidade de liderança no plenário da Câmara. Portanto, os aliados de Pereira interpretaram a resistência do PP e União Brasil como uma tentativa de evitar que o pré-candidato do Republicanos ganhe mais apoio.