
Os olhos de Hugo Motta, novo presidente da Câmara dos Deputados, devem estar atentos ao ato deste domingo (16) em Copacabana.
A manifestação, que pede “Anistia Já” para presos políticos, pode não apenas fragilizar o governo Lula, mas também desgastar o Supremo Tribunal Federal (STF), caso a direita consiga levar à orla carioca um público superior a 1 milhão de pessoas, como preveem os organizadores.
O Planalto e o núcleo petista fizeram da pauta do 8 de janeiro um escudo para tentar se blindar das crises políticas, econômicas e sociais que minam o Executivo.
Em meio à alta do dólar, ao retorno da inflação, ao aumento dos juros e à crescente rejeição popular, Lula enfrenta dificuldades de governabilidade. Não por acaso, a narrativa “sem anistia” ganhou força justamente quando o governo passou a se sentir sufocado e sem apoio, inclusive em estados do Nordeste, como Bahia e Pernambuco, onde a desaprovação ao petista já supera sua aprovação.
Se a manifestação deste domingo confirmar as expectativas e mobilizar uma massa histórica, o lulopetismo pode sofrer seu maior revés até aqui. O governo apostou na tese de “golpe contra a democracia” como eixo central para seguir adiante, mas a crescente insatisfação popular pode derrubar essa estratégia.
O impacto da mobilização também atinge o STF, cujos ministros consideram que não há margem para diálogo ou revisão das condenações aplicadas contra opositores do governo Lula no caso do 8 de janeiro.
No entanto, com a pressão crescente da direita e até do Centrão sobre Hugo Motta, a Câmara pode avançar com os pedidos de anistia, o que representaria uma derrota tanto para o Executivo quanto para o Judiciário.
A depender da sua força, o ato de Copacabana será peça-chave para definir o rumo das próximas decisões no Congresso nos próximos meses e os limites da resistência petista ao avanço dessa pauta.