deputado distrital Thiago Manzoni (PL-DF) fez a sua primeira participação como membro da CPI que investiga os atos do dia 8 de janeiro. Em sua fala, na quinta-feira (23), Manzoni inquiriu o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Souza Danilo Souza Ferreira, sobre os acontecimentos de 12 de dezembro de 2022.
Manzoni iniciou seu discurso enfatizando a função de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), destacando que o colegiado não é ambiente para exposição de conclusões pessoais. Ao destacar que a comissão possui poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, falou que a CPI não deve partir dos fatos para fazer perguntas direcionadas àquilo que ela quer concluir.
— A CPI realiza diligências, convoca autoridades, toma depoimentos, inquire testemunhas, inclusive sob o compromisso de dizer a verdade sob pena de ser preso, e ouve indiciados. Mas a verdade é que no Brasil, infelizmente, a população não leva a sério as CPIs, porque elas se tornam palco de políticos, para eles fazerem as suas observações e exporem o seu julgamento sobre aquilo que aconteceu — lamentou o parlamentar.
Sobre os atos de 8 de janeiro, Manzoni disse que espera que se investigue e chegue às conclusões técnicas.
— Que nós investiguemos e cheguemos a conclusões técnicas. Para isso, eu acredito que a gente tenha que deixar de lado alguns arroubos retóricos que cometemos daqui do plenário. Um deles, é utilizar, de maneira sucessiva, a expressão ‘terroristas’. Quem define o que é terrorismo é a legislação brasileira — disse, rebatendo também o significado do termo “terrorista”.
Após esclarecer os equívocos que vem acontecendo, repetidamente nas oitivas da CPI, Thiago Manzoni inquiriu o ex-secretário sobre os acontecimentos do dia 12 de dezembro. O parlamentar perguntou sobre o mandado de prisão do indígena José Acácio Serere Xavante, além de questionar a participação do atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino —à época integrante do governo de transição— nas decisões daquela data.
No tocante à prisão de Serere Xavante, o delegado Júlio disse que não houve comunicação das autoridades.
— Não houve comunicação das autoridades judiciais, até porque, o mandado não foi expedido para ser cumprido pelas forças de segurança do DF. Ele foi cumprido pela Polícia Federal — respondeu o ex-secretário.
Ao responder sobre a participação de Flávio Dino, Júlio esclareceu que conversou com o ministro no dia em questão, e afirmou que ele estava a par da situação. No entanto, durante o depoimento, o presidente da CPI, Deputado Chico Vigilante (PT), não permitiu que o ex-secretário concluísse sua fala. Dias antes, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) também teve o seu microfone cortado durante a CPI.