Em uma vida de extremo luxo, enquanto quase metade dos brasileiros empregados ganham até um salário mínimo, as autoridades do nosso país recebem milhares de reais por mês. De um lado, milhões de famílias vivem abaixo da linha da pobreza. Do outro, bilhões são comumente liberados para bancar as regalias dos representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Durante a pandemia, na esteira da “maior crise sanitária da nossa época”, conforme classificou a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma realidade ficou ainda mais escancarada no Brasil: a crise dos Três Poderes. Alheio ao cenário de contingenciamento e corte de gastos na administração pública, o Brasil possui um sistema estrutural que abre cofres para despesas que envolvem uma série de demandas — do necessário ao luxo à bel prazer.
Entre os gastos consumados pela União nos últimos anos estão a compra de veículos blindados; troca de aparelhos telefônicos; reforma de gabinetes; refeições com lagostas e até mesmo rótulos de vinhos agraciados com premiações internacionais.
Mesmo sendo alvo de constantes manifestações populares, os integrantes dos Três Poderes ignoram as duras críticas vindas da sociedade. Ano após ano proporcionam a chamada ‘festa da democracia’, termo que é utilizado para definir os gastos de alto padrão pelos servidores públicos com o montante que sai do bolso do cidadão, que é o contribuinte.
Ao apontar a realidade de um parlamentar que exerce cargo em Brasília, o nível ostentação impressiona até mesmo quem está inserido em níveis sociais e financeiros de alto padrão no país. A lista é extensa e envolve salários, auxílios e benefícios: tudo isso custando cerca de R$ 170 mil mensal por cada deputado.
A soma de toda a verba que os parlamentares efetivamente recebem inclui salário mensal, auxílio-moradia e direito ao ressarcimento integral de suas despesas com saúde. Os gastos são exorbitantes. As regalias dos planos de saúde se estendem até mesmo ao cônjuge e dependentes com até 21 anos de idade.
Os políticos também têm direito à cotas que envolvem o exercício da atividade parlamentar, que cobrem passagens áreas, hospedagens, combustível e outras faturas, além de verba para contratação de pessoal.
De um modo geral, todos esses valores se dividem da seguinte maneira:
Salário — em torno R$ 33.763;
Verba de gabinete — em torno de R$ 100 mil;
Auxílio-moradia para parlamentares que não ocupam apartamento funcional em Brasília — em torno de R$ 4.200;
O reembolso de despesas médico-hospitalares e a cota para o cumprimento da atividade parlamentar, todas como variáveis, não entram nessa conta.