Membros do Supremo Tribunal Federal (STF) interpretaram como uma “traição” a postura do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na aprovação da proposta constitucional que restringe decisões individuais da Corte.
Nos bastidores, esses ministros comentam que “acabou a lua de mel” com o Palácio do Planalto. Conforme apuração da CNN Brasil, um juiz do STF declarou, em confidência, que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), teve um papel “lamentável” durante a votação da matéria nesta última quarta-feira (22).
Integrantes do Supremo avaliam que, embora Wagner tenha afirmado que o governo não tomaria posição sobre o texto, sua declaração favorável ao projeto foi um sinal verde para a base governista. O desfecho da votação revelou que senadores alinhados ao Planalto foram cruciais para os 52 votos da PEC, três a mais que o necessário.
De acordo com informações obtidas pela emissora, a posição favorável de Wagner à PEC gerou insatisfação no Supremo, levando ministros a buscar explicações ligando para membros do governo e senadores presentes no plenário. No entanto, receberam a resposta de que o movimento não foi coordenado com o Palácio e que tanto lá quanto no tribunal todos estavam surpresos.
Agora, a expectativa no Supremo é que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deixe a proposta sem andamento, guardada na gaveta e sem dar prioridade. Senadores da base, no entanto, avaliam que Jaques Wagner justificou esse movimento como necessário para obter apoio na Casa Alta para temas econômicos de interesse de Lula.
O gesto de apoio de Wagner e de outros senadores da base governista à proposta contra o STF, liderada pelo presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi considerado crucial para evitar derrotas do Executivo em questões consideradas essenciais pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.