Durante debate promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), o ex-ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), direcionou críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e às decisões proferidas pelos ex-colegas de Suprema Corte.
Na visão do ex-decano, o petista tem uma “visão totalitária” ao defender um “controle” da mídia e da internet no país. Marco Aurélio também considerou “algo muito sério” o inquérito movido contra o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).
— Penso que um candidato que se diz de um partido de trabalhadores já cogitou uma marcha à ré quanto à reforma [trabalhista] implementada. Como também cometeu um ato falho quando disse que nós, da classe média, temos mais do que merecemos. Como também cometeu um ato falho quando cogitou o controle da mídia. Como? Controlar a mídia? Só se quisermos ter no Brasil uma visão totalitária, maior do que a que se diz que pode estar a reinar no cenário hoje em dia — argumentou.
Sem mencionar nomes, o ex-ministro deu a entender que a reabilitação dos direitos políticos de Lula, proporcionada pelo STF, pode ter sido feita com o intuito de impedir a tentativa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Tivemos um caso de processos findos em que se aceitou a incompetência territorial do órgão julgador e se ressuscitou um candidato, quem sabe, para fazer frente a uma candidatura à reeleição. Ressuscitou-se alguém que já estava, inclusive, cumprindo pena — afirmou.
Segundo Mello, os atritos e as crises entre o chefe do Executivo e os integrantes do Supremo são fruto do “estilo do presidente”. — Parece que [ele] gera crises para nadar, e penso que está nadando de braçada, principalmente junto aos eleitores dele — declarou.
Ao comentar sobre o processo criminal movido contra Daniel Silveira, Marco Aurélio avaliou que a situação é “muito séria”, uma vez que, na visão dele, as medidas restritivas contra o congressista afrontam o dispositivo constitucional da imunidade parlamentar.
— Vejo, no processo crime aludido ao deputado federal, um obstáculo muito sério de desrespeito à imunidade, como, por exemplo, a tornozeleira que lhe foi imposta. Não foi como pena, foi uma medida cautelar a um congressista. É difícil de conceber — finalizou.