Mesmo depois de ter sido condenado na Justiça por protagonizar o esquema do mensalão, o ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou em entrevista à BandNews FM que o esquema deflagrado no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “nunca existiu”.
A declaração foi proferida nesta quarta-feira (27) depois de ele ser questionado por um repórter sobre a recente troca de farpas entre Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
“Certas coisas não se pode apagar. Houve um golpe, ele era vice-presidente, a Dilma jamais violou a Constituição. Eu, por exemplo, fui condenado no chamado mensalão, que nunca existiu”, disparou.
Dirceu foi considerado culpado em 2012 por participação ativa no esquema de corrupção, e chegou a cumprir pena em regime fechado, sendo preso em novembro de 2013.
No entanto, em 2016, o ministro Luís Roberto Barroso, da Suprema Corte, extinguiu a reprimenda condenatória sob o argumento de que o ex-ministro, na cadeia, era “portador de bom comportamento e não praticou infração disciplinar de natureza grave”.
“Um juiz me condenou sem provas porque a literatura permitia. O outro disse que o ônus da prova cabia aos acusados, no nosso caso. E o outro me condenou pelo domínio de fato, mas aí o autor veio ao Brasil e disse que não cabia. Então são condenações políticas. No caso da cassação da Dilma, foi [uma cassação] política com anuência do Poder Judiciário. Eu sempre falo que foi um golpe parlamentar-judicial”, acrescentou.
O que foi o mensalão?
Trata-se de um dos mais famosos escândalos de corrupção da República, que começou em 2002, mas só foi descoberto em 2005. A ação criminosa consistia em repasses de fundos de empresas, que faziam doações ao Partido dos Trabalhadores (PT), a fim de obter apoio político no Congresso Nacional.
O caso veio à tona depois que Maurício Marinho, então chefe dos Correios, foi flagrado em uma gravação recebendo propina em nome do então deputado federal Roberto Jefferson (PTB).
Depois de o vídeo ter sido divulgado, Marinho e Jefferson fizeram uma delação premiada e a Polícia Federal (PF) descobriu que não apenas os correios e o PTB estavam envolvidos, mas a cúpula do PT, integrantes do governo federal e ainda o extinto PMDB.