Em texto veiculado na Folha de S.Paulo, o jornalista Ranier Bragon analisou o caso envolvendo o ministro de Moraes, logo após a Folha veicular uma reportagem de denúncia contra o magistrado. Segundo o jornal, Moraes usou TSE fora do rito para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre outras coisas, é dito que Moraes pedia informalmente
relatórios específicos contra figuras da direita.
É revelado também que o magistrado fazia pedidos de produção de relatórios contra determinados alvos ao juiz instrutor do
seu gabinete no STF Airton Vieira.
Por meio de WhatsApp, então, Vieira repassava os pedidos, sem ofícios ou decisão, para Eduardo Tagliaferro, chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE.
Tagliaferro recebia os pedidos e com sua equipe monitorava redes e grupos de conversas para produzir os relatórios seguindo os pedidos do gabinete.
Ao analisar o teor do caso, o jornalista Ranier Bragon sustenta que “o gabinete do ministro se valeu de mensagens privadas no aplicativo para simular a produção de relatórios que, mais tarde, seriam usados por ele mesmo para embasar ações contra expoentes do bolsonarismo”.
“Nos autos, o órgão de combate à desinformação levantava de forma espontânea supostas ameaças ao regime democrático e ao processo eleitoral e entregava o resultado nas mãos do juiz para a sua decisão imparcial, como se imagina o Estado democrático de Direito. Na prática, as supostas ameaças eram farejadas pelo próprio magistrado. Fora dos autos, ordenava secreta e informalmente a produção de relatórios. Horas depois, tomava, aí sim nos autos, as medidas restritivas baseadas nos mesmos relatórios que havia encomendado”, pontua Bragon.
“É como se Moraes escrevesse: baseado nas evidências colhidas por mim mesmo e por mim mesmo já recriminadas de imediato, decido”, observa o jornalista, que pontua ainda que até “os próprios autores do modelo sabiam que estavam sapateando sobre as regras. Fosse diferente, tudo seria feito às claras, como todas as coisas corretas são feitas”.