A 1ª Vara Federal de Araraquara, em São Paulo, condenou o hacker Walter Delgatti Neto a cumprir 1 ano, 1 mês e 10 dias de prisão por cometer o crime de calúnia — quando um crime é falsamente atribuído a alguém — contra o procurador Januário Paludo, que integrava a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.
A sentença foi divulgada nesta segunda-feira, 11.
No mês passado, como antecipou o Conexão Política, Delgatti foi condenado a 20 anos e 1 mês de prisão e 736 dias-multa, por invadir as contas no Telegram do ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol e de outras autoridades.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal acusaram o hacker de obter ilegalmente mensagens trocadas por procuradores da Lava Jato no Telegram e, além disso, de ter encaminhado a terceiros essas conversas, que motivaram uma série de reportagens que ficou popularmente conhecida como “Vaza Jato”.
Nova condenação
Agora, em nova condenação, por calúnia, Delgatti foi acusado de atribuir falsamente crime e ofender a honra do procurador Januário Paludo. Sem apresentar provas, ele afirmou que o procurador havia recebido propina de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras e um dos principais delatores da Lava Jato.
Na sentença, o juiz federal Osias Alves Penha citou que a Corregedoria do Ministério Público Federal apurou as alegações de Delgatti e concluiu que esse áudio não tratava de nenhuma negociação de propina. Na verdade, a negociação girou em torno de uma multa paga por Duque como parte do acordo de delação premiada que firmou com a Justiça.
“O áudio mencionado pelo réu na entrevista não indica o recebimento de qualquer vantagem indevida pelo servidor público, sendo falsa a afirmação em sentido contrário feita pelo réu”, sustentou o magistrado na sentença.
Hacker contra Bolsonaro
Acumulando diversas condenações, Walter Delgatti Neto fez recentes acusações contra Jair Bolsonaro (PL).
Durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os eventos ocorridos no dia 08 de janeiro, ele levantou acusações contra o ex-presidente da República. Nenhuma prova foi apresentada.
As acusações envolveram suposto pedido de Bolsonaro para que o hacker violasse às urnas eletrônicas, para provar uma suposta vulnerabilidade do sistema eleitoral.
Também sem apresentar provas, Delgatti disse que Bolsonaro prometeu dar indulto futuro em seu favor.
Além disso, de acordo com ele, Bolsonaro também teria pedido que fosse assumida a responsabilidade pelo grampo contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre Moraes. O hacker não soube informar se esse grampo existia de fato e sem apresentação de provas, disse que o ex-mandatário assegurou que a gravação ilegal do jurista teria sido feita por agentes estrangeiros.