Ao deixar a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso fez um discurso de despedida. Segundo ele, o país vive um “momento deprimente de desvalorização mundial”.
Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que os “sucessivos ataques às instituições” fizeram dirigentes brasileiros não serem bem-vindos no exterior.
Em meio ao discurso, Barroso fez um balanço de sua gestão à frente do Tribunal. Não citou o Poder Executivo, mas mandou recados ao Palácio do Planalto. No próximo dia 22, os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes tomarão posse como novos chefes da Corte.
Em sua fala, lembrou de críticas ao TSE e ao Judiciário, mencionou manifestações que pediram intervenção militar, o desfile de tanques na Praça dos Três Poderes, as manifestações de 7 de setembro e ataques contra jornalistas.
Barroso ainda citou o relatório da delegada Denisse Ribeiro, da Polícia Federal (PF), que diz ter identificado atuação de “milícias digitais” na estrutura do chamado “gabinete do ódio”.
“Este é o Brasil de hoje, na descrição não de um líder da oposição, mas da Polícia Federal, em relatório elaborado por uma delegada corajosa e independente. Vivemos um momento triste, em que se mistura o ódio, a mentira, as teorias conspiratórias, o anticientificismo, as limitações cognitivas e a baixa civilidade”, declarou Barroso.
“Não é de surpreender que dirigentes brasileiros não sejam bem vindos em nenhum país democrático e desenvolvido do mundo. Em eventos multilaterais, vagam pelos corredores e calçadas sem serem recebidos, acumulando recusas e impedidos de reuniões bilaterais”, acrescentou.
Na visão do ministro, a liberdade de expressão deve ser protegida de quem a utiliza para destruí-la. “O ódio, a mentira e as ameaças não são protegidas pela liberdade de expressão porque se destinam silenciar a expressão dos outros”, defendeu.