Líderes de partidos de direita que integram o bloco “Patriotas pela Europa”, o terceiro maior grupo do Parlamento Europeu, reuniram-se neste sábado (8) em Madri para uma cúpula com o lema “Tornar a Europa Grande Novamente”. Durante o encontro, manifestaram apoio ao retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Entre os participantes estavam o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e o vice-premiê da Itália, Matteo Salvini, além de Marine Le Pen, do partido francês Reunião Nacional (RN), e Geert Wilders, líder do PVV na Holanda. Em seu discurso, Orbán destacou o impacto da liderança de Trump no cenário global e afirmou que, se antes os direitistas eram considerados, marginais, agora tornaram-se uma tendência dominante no planeta.
Os discursos proferidos no evento enfatizaram a oposição à imigração em larga escala, com muitos oradores fazendo referência à “Reconquista”, período em que reinos cristãos retomaram territórios da Península Ibérica que estavam sob domínio muçulmano.
A conferência teve início com um pronunciamento de Martin Helme, ex-ministro das Finanças da Estônia, seguido de uma mensagem em vídeo da opositora venezuelana María Corina Machado. O discurso de Helme foi interrompido por uma ativista do grupo feminista Femen, que protestou em topless contra a presença dos líderes de direita, sendo retirada do local logo em seguida.
Os debates abordaram temas frequentemente criticados por partidos conservadores, como o ativismo progressista em questões raciais e de gênero (agenda woke), além do papel de ONGs que atuam no resgate de migrantes. O público também reagiu com vaias aos nomes da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
Criado após as eleições de maio de 2024, o grupo Patriotas pela Europa conta com 86 parlamentares de 14 países, representando um eleitorado de aproximadamente 19 milhões de pessoas. Madri foi escolhida como sede do primeiro encontro oficial para que Santiago Abascal, líder do partido espanhol Vox e presidente do bloco, pudesse recepcionar os demais integrantes.
O governo espanhol, comandado pelo Partido Socialista, criticou o evento, classificando-o como um movimento de extremistas que tentam impor uma visão ultrapassada da sociedade.
Nos últimos meses, o Vox tem registrado um crescimento nas pesquisas eleitorais, com forte apoio entre jovens, militares e agentes de segurança, segundo o Centro de Estudos Sociológicos (CIS). No entanto, apesar do objetivo do Patriotas pela Europa de unir as forças conservadoras do continente, alguns dos partidos mais influentes desse espectro político, como o Irmãos de Itália, o Alternativa para a Alemanha e o polonês Lei e Justiça, optaram por não aderir à aliança.