O presidente de direita do Uruguai, Lacalle Pou, expressou uma opinião discordante dentro do Mercosul, ao afirmar nesta terça-feira (4) aos líderes do bloco que seu país seguirá nas negociações de um acordo bilateral com a China caso Brasil, Argentina e Paraguai não participem das negociações com o presidente chinês Xi Jinping.
Essa declaração foi feita durante a sessão plenária da 62ª cúpula de líderes do grupo. Ao final do encontro, o Uruguai se recusou, pela quarta vez consecutiva, a assinar o comunicado conjunto do Mercosul, algo que ocorre desde dezembro de 2021.
“Com relação à China, vocês sabem a posição do Uruguai. Quando vemos que não avançamos juntos, entendemos a visão de cada um de vocês. A nossa é que façamos juntos. Se não podemos fazer assim, vamos fazer bilateralmente”, declarou ele.
Lacalle Pou justificou sua posição afirmando que o Uruguai está perdendo oportunidades de mercado ao adiar essas negociações e provocou os outros países-membros ao mencionar que seu país está sendo penalizado devido ao déficit comercial na região.
“A verdade é que substancialmente não existe nada [de acordos do Mercosul com outras regiões] e o Uruguai luta para conseguir mercados. Não é um capricho, a participação do Uruguai no Mercosul foi se enfraquecendo. A balança comercial do Uruguai com cada um dos países-sócios é deficitária. Precisamos avançar e, se não for juntos, faremos bilateralmente”, alertou.
O presidente uruguaio afirma estar simplesmente atendendo a uma demanda do povo uruguaio, que seria favorável a uma “flexibilização” do Mercosul devido ao seu “imobilismo”. Por fim, ele desejou sorte a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua presidência rotativa do Mercosul, cargo assumido pelo Brasil nesta terça. No entanto, voltou a ironizar a demora de 25 anos do bloco para fechar um acordo comercial com a União Europeia.
“Desejo a Lula a maior sorte e sei que ele vai se empenhar para fechar acordo com a União Europeia. Peço que você, Lula, seja gerador de otimismo, em meio ao abundante pessimismo diante desse acordo. São 25 anos para um acordo. No mundo moderno, isso não é lógico. Sabemos o que temos a favor e o que temos contra, mas tiremos os obstáculos da frente para poder fechar esse acordo”, concluiu.