A partir de agora, homens biológicos que alegam socialmente ser ‘trans’ poderão disputar em competições femininas de rugby na França. A medida, anunciada no dia 17 de maio, não só abrange aqueles que fizeram a mudança hormonal, mas também os que estão em processo de transição, e os que iniciaram o processo há pelo menos 12 meses, informou o site francês Boulevard Voltaire.
A primeira federação esportiva na França a incluir transexuais em competições, a Federação Francesa de Rugby (FFR), no entanto, contraria as recomendações do organismo internacional World Rugby, que concluiu em outubro de 2020 que “dado o conhecimento disponível de testosterona sobre esses atributos físicos no caso de mulheres trans, […] segurança e justiça atualmente não podem ser fornecidas para mulheres que jogam contra transexuais”.
A entidade internacional alerta tanto para as questões de segurança, tendo em vista a diferença fisiológica “de tamanho, força, potência e velocidade”, quanto para a equidade, que corre o risco de ser pulverizada pela chegada de transexuais à competição.
Por enquanto, no rugby feminino francês há apenas um nome: Alexia Cérénys, pertencente ao clube de Lons, no sudoeste do país, que joga no campeonato da primeira divisão do rugby feminino.
Estudos
Um novo estudo da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, levantou questões importantes sobre se o “estágio de transição” das atletas trans realmente importa no que diz respeito ao desempenho. O estudo mostrou que níveis reduzidos de testosterona em homens em transição ainda não os tornam iguais às mulheres.
A pesquisa, intitulada “Mulheres transexuais no esporte de elite: considerações éticas e científicas”, concluiu que os níveis reduzidos de hormônios masculinos, atualmente considerados aceitáveis pelo Comitê Olímpico Internacional para atletas trans, não são suficientes para torná-lo justo para as mulheres atletas.
A agência Reuters cita o estudo, afirmando que os níveis reduzidos de hormônios masculinos em “homens em transição” ainda são “significativamente mais altos” que os das mulheres.
Os autores do estudo dizem também que a redução da testosterona não compensa outras características masculinas, como estrutura óssea, e maior tamanho e capacidade do pulmão e do coração, os quais dão ao atleta trans a vantagem biológica. Para torná-lo realmente justo, os autores do estudo sugerem que toda uma nova categoria seja criada para atletas transexuais competirem entre si.
O Instituto Karolinska, na Suécia, apresentou resultados semelhantes. Ele conduziu um estudo sobre homens que procuravam fazer a transição para mulheres e relatou no ano passado que, mesmo após um ano de tratamento para a “transição sexual” (supressão da testosterona), força muscular, tamanho e composição, ainda resultavam em vantagem para as mulheres trans em relação às mulheres biológicas. Ninguém sabe quanto tempo um homem deve estar sob esse tratamento antes que o campo de jogo esteja nivelado, ou se ele realmente poderá algum dia estar nivelado.