Oito pessoas morreram e 2.750 ficaram feridas nesta terça-feira (17), após a explosão de pagers utilizados por membros do grupo armado libanês Hezbollah para comunicação.
De acordo com a Agência Nacional de Notícias do Líbano, os primeiros incidentes ocorreram nos subúrbios ao sul de Beirute, uma área predominantemente controlada pelo Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã. As explosões se espalharam por outras regiões do país logo em seguida.
Cerca de duas horas após os acontecimentos, o ministro da Saúde do Líbano, Firas Abiad, acusou oficialmente Israel de ter coordenado a ação, durante uma coletiva de imprensa.
Em resposta, o Hezbollah divulgou um comunicado reiterando a acusação e declarando: “Israel vai ter a punição justa”.
As Forças Armadas de Israel ainda não se pronunciaram sobre as acusações. Conforme informações de um canal israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu instruiu seus ministros a evitarem comentários sobre os incidentes no Líbano. Além disso, autoridades de cidades e assentamentos no norte de Israel teriam sido alertadas pelo Comando da Frente Interna sobre o risco de uma escalada nos confrontos.
Antes da coletiva do ministro da Saúde, o Hezbollah já havia emitido um comunicado relatando três mortes em decorrência das explosões, incluindo uma menina e dois combatentes do grupo. Fontes de segurança afirmaram que um dos mortos é filho de um membro de alto escalão da organização.
Pagers teriam sido hackeados
Os pagers, populares no Brasil na década de 1990 antes da chegada dos celulares, utilizam transmissões de rádio para conectar um centro de controle de chamadas aos destinatários via mensagens de texto.
De acordo com a Al Jazeera, esses dispositivos foram hackeados, o que causou o incidente.
O uso dos pagers ganhou força após o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, orientar seus combatentes, especialmente os que estão na linha de frente na fronteira sul do Líbano com Israel, a abandonarem os smartphones, devido à capacidade de Israel de invadir os aparelhos.
Após as explosões desta terça-feira, o governo libanês solicitou que todos os cidadãos descartem imediatamente seus pagers, conforme relatado pela agência de notícias iraniana Irna.
Explosões duraram 1 hora
A série de explosões durou aproximadamente uma hora, começando por volta das 15h45 no horário local.
Câmeras de segurança de um supermercado em Beirute capturaram o momento de duas dessas detonações: uma ocorreu enquanto um homem pagava suas compras no caixa, e outra próxima à seção de frutas. (veja no vídeo abaixo).
Devido ao grande número de feridos, o centro de operações de crise do Líbano, administrado pelo Ministério da Saúde, fez um apelo para que todos os profissionais de saúde se apresentassem em seus hospitais para ajudar no atendimento emergencial.
Um jornalista da Reuters relatou ter visto membros do Hezbollah feridos e sangrando, enquanto ambulâncias se deslocavam rapidamente para atender as emergências em meio ao pânico.
A Cruz Vermelha Libanesa informou que mobilizou mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência para auxiliar na evacuação e no atendimento das vítimas.
Entre os feridos está o embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, atingido pela explosão de um pager. A embaixada confirmou que ele sofreu ferimentos leves, está consciente e fora de perigo.
Um representante do Hezbollah, que preferiu não se identificar, afirmou à agência Reuters que a explosão dos pagers representou a “maior falha de segurança” enfrentada pelo grupo em quase um ano de conflito com Israel.
Ramy Khoury, membro da Universidade Americana de Beirute, classificou o incidente como “o mais perigoso” para o Hezbollah nos últimos anos.
“Isso é altamente incomum e realmente preocupante para o Hezbollah e todos os seus aliados no Eixo da Resistência, porque significa que os israelenses têm capacidades, inteligência e ataques dessa natureza muito além do que as pessoas supunham”, disse Khoury em entrevista à Al Jazeera.