Deveria ter sido a primeira reunião dos chamados países do Grupo de Visegrád fora da Europa. Mas, uma forte revolta diplomática entre a Polônia e o país anfitrião Israel, colocou tudo por água abaixo. O motivo, foi a discussão sobre o papel dos cidadãos poloneses durante o Holocausto.
Relações do V4 e Israel
A reunião do Grupo V4, formado pela Hungria, Polônia, Eslováquia e República Tcheca, seria realizada nesta segunda e terça-feira.
Esta parceria, criada em 1991 para promover a integração europeia dos Estados do Leste Europeu após a queda da União Soviética, é predominantemente pró-Israel. As relações entre Israel e estes países, são essenciais para contrabalançar a postura rígida da União Europeia, experimentada pelo Estado judeu em Bruxelas.
Nota-se que o aliado mais próximo de Israel é o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. Por um lado, o primeiro-ministro israelense Netanyahu compartilha com este, uma aversão às instituições europeias e uma visão política patriota do pensamento. Em contrapartida, Orban ainda está sob a mira de judeus húngaros, que o criticam abertamente de antissemitismo.
Em relação à Polônia, Israel também mantem um relacionamento ambivalente. Este país defende Israel, contra as ameaça em comum do Irã. Isso, ficou claro na semana passada, quando a Polônia foi anfitriã de uma conferência sobre paz e segurança no Oriente Médio, onde o Irã era o assunto mais importante. Netanyahu fez sua aparição naquela conferência.
No entanto, foi precisamente nesta reunião, que Netanyahu declarou que “poloneses trabalharam a favor dos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.” Esta ferida aberta de Israel, em relação a Polônia, deve-se à Lei Polonesa do Holocausto, na qual, declarações sobre a cumplicidade polonesa no Holocausto são consideradas crime e sujeitas à punição no país.
Crise diplomática
A declaração de Netanyahu, provocou o imediato cancelamento da participação do Primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki na Reunião do Grupo de Visegrád, esta semana em Jerusalém.
Além disso, a ira em Varsóvia foi alimentada ainda mais, quando o ministro israelense de Relações Exteriores, Yisrael Katz, se juntou à discussão. Este, não só confirmou as declarações de Netanyahu sobre a colaboração polaca com os nazistas, como também citou, que “a Polônia ingeriu o antissemitismo como leite materno”. Cancelando por consequência, a sua ida à Jerusalém.
Reconcilio à vista
Por outro lado, os primeiros-ministros da República Tcheca, Eslováquia e Hungria, já estavam a caminho de Jerusalém. Porém, a ideia de uma reunião dos Países do Leste europeu em Israel, ficou fora de questão. No máximo, permaneceram reuniões bilaterais entre estas nações.
Embora o desentendimento diplomático, o primeiro-ministro checo Andrej Babis, tentou resgatar a importância desta reunião do Grupo V4, informando que esta, terá lugar ainda este ano. Antes que isso aconteça, as dobras diplomáticas necessárias terão que ser suavizadas. Só então, que Jerusalém poderá entrar em cena novamente como um ponto de encontro.