Um “refugiado” da Moldávia na Holanda disse que o governo holandês é o seu pior inimigo. Ele reclama do tratamento que recebe no país, da comida e da falta de mimos que o governo deveria oferecê-lo, mas não o faz.
“Eles até cuidam melhor dos cães. Estou em Budel há um mês e meio, mas não estamos recebendo nada. Quero cigarros e mesada”, diz o moldavo de 34 anos, Vasili Codreanu.
Segundo o jornal holandês De Telegraaf, os moldavos estão cada vez mais solicitando asilo na Holanda. Segundo dados do Serviço de Imigração e Naturalização do país (IND), houve 1.204 solicitações este ano. Isso torna os estrangeiros do país da Europa Oriental o maior grupo de requerentes de asilo na Holanda em novembro.
Neste mês, foram feitas 366 solicitações, o que equivale a quase um quinto de todas as solicitações de asilo. Além disso, 110 pedidos repetidos foram enviados.
De acordo com o jornal, esse é um aumento considerável em relação a 2018, quando ainda havia cerca de 831 solicitações. No entanto, o grupo não tem chance de ficar. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança holandês, “zero por cento” dos requerentes de asilo da Moldávia receberam uma autorização de residência.
Vasili Codreanu, 34 anos, está na Holanda há um mês e meio. Assim como seus compatriotas, o homem não tem chance de obter uma autorização de residência, e reclama sobre a sua recepção na Holanda.
“Por que não conseguimos um subsídio de vida? Quero pelo menos cinquenta euros por semana por pessoa. Temos que sair, mas não podemos apelar”, grita Codreanu, ao acenar com o documento da imigração de decisão de retorno.
“A Holanda nem verifica se estou em perigo”, completa o moldavo.
Alimentação
A comida também é uma fonte de aborrecimento para o imigrante.
“Aqui nós comemos comida quente apenas uma vez por dia [o que é comum na cultura holandesa]. E eles nem levam em consideração o que queremos. Eu nunca comi comida moldava aqui. A comida que recebemos é cheia de temperos. Não há macarrão com carne. Isso é simplesmente ridículo, até os porcos são tratados melhor”, diz Codreanu furioso.
Codreanu e 111 compatriotas estão hospedados em um campo de refugiados de emergência em Budel.
“Foi melhor na França. Lá recebíamos mesada”, suspira o moldavo, enquanto outros moradores concordam.
“Ouvimos dizer que na Holanda tudo era melhor, mas aqui não temos quarto de graça e nem mesada”, murmura Codreanu.
Imigrantes “econômicos”
A Moldávia é um país atingido pela pobreza, com muito desemprego e corrupção. O salário médio é de cerca de 260 euros por mês. As pessoas estão deixando o país em busca de uma vida melhor economicamente, mas não está claro por que o número de moldavos que vão à Holanda subitamente aumentou consideravelmente.
Segundo o De Telegraaf, parte desse grupo de estrangeiros parece chegar à Holanda de maneira organizada. Em pelo menos três casos nos últimos meses, veículos foram detidos com grandes grupos de moldavos.
Um dos ônibus foi encontrado em 19 de novembro, transportando 65 pessoas com nacionalidade moldava. Todas as pessoas do grupo solicitaram asilo. Alguns dias antes, a policial real holandesa abordou também uma van com 19 pessoas do país; esse grupo também pediu asilo.
Impressão digital
Segundo o Ministério da Justiça e Segurança holandês, a maioria esmagadora dos migrantes moldavos já havia entrado com um pedido de asilo em outras partes da União Europeia, o que lhe foi negado. Isso foi constatado, após ser observado em um aplicativo a impressão digital que os solicitantes de asilo precisam registrar ao entrar na Holanda. Essas impressões são então comparadas a um banco de dados europeu.
No entanto, as pessoas com uma aplicação sem chances de ser aceita também podem permanecer no abrigo, aguardando uma decisão do Serviço de Imigração e Naturalização (IND). Lá eles recebem comida, abrigo e assistência médica gratuitos. Para torná-lo o menos atraente possível para os que buscam fortunas, a Agência Central para a Recepção de Requerentes de Asilo (COA) enche os pavilhões esportivos transformados em abrigos provisórios com beliches.
O Secretário de Estado para Refugiados, Broekers-Knol, criou uma equipe especial dentro do IND para processar solicitações de asilo desse grupo da Moldávia. Essa equipe deve tomar uma decisão dentro de um mês se os moldavos devem sair do país.
A quantia em dinheiro que os moldavos recebem se retornarem voluntariamente também foi reduzida. Agora, os requerentes de asilo recebem uma passagem gratuita para a capital moldava de Chisinau e 40 euros para gastos durante a viagem.
O jornal holandês informou que os imigrantes que não cooperam no retorno podem obter uma proibição de entrada de dois anos.
A chegada deste grupo de europeus da Moldávia agrava os grandes atrasos com os processos de requerentes de asilo do IND. Devido à escassez de pessoal e ao aumento do fluxo de solicitantes de asilo, o processamento de um pedido de asilo leva muito mais tempo. Alguns requerentes de asilo estão esperando há mais de um ano por uma resposta definitiva, superlotando os abrigos.