O ditador russo, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira (14) que ordenará um cessar-fogo imediato se a Ucrânia retirar suas tropas das quatro regiões ocupadas no leste e sul do país e renunciar aos planos de aderir à Otan.
“Assim que Kiev anunciar que está pronta para esta decisão e iniciar uma retirada real das tropas dessas regiões, além de comunicar oficialmente sua renúncia aos planos de adesão à Otan, a ordem de cessar-fogo e iniciar as negociações será imediatamente emitida da nossa parte”, disse Putin em um discurso ao vivo na televisão, dirigido a funcionários do Ministério das Relações Exteriores russo.
“As tropas ucranianas devem retirar-se completamente de todo o território das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, e das regiões de Kherson e Zaporizhzhya. Então, as negociações serão possíveis”, acrescentou.
Nesse contexto, Putin especificou que se refere ao território administrativo dessas quatro regiões como definido quando a Ucrânia alcançou a independência da União Soviética em 1991, uma vez que atualmente o Exército russo não controla totalmente essas áreas.
O ditador da Rússia garantiu que a Rússia está empenhada em assegurar a retirada “segura e sem entraves” das unidades militares ucranianas.
Além disso, Putin destacou que seu governo exige uma Ucrânia “neutra, sem bloco e sem energia nuclear”, incluindo a desmilitarização e a “desnazificação” do país, objetivos estabelecidos quando ordenou a campanha militar em fevereiro de 2022.
“Sem dúvida, devem ser plenamente garantidos os direitos, liberdades e interesses dos cidadãos ucranianos de língua russa; devem ser reconhecidos a nova realidade territorial; o status da Crimeia e de Sebastopol, e das repúblicas de Donetsk e Lugansk, e das regiões de Kherson e Zaporizhzhya como entidades da Federação Russa”, concluiu Putin.
Putin ressaltou que todos esses compromissos devem ser formalizados como acordos internacionais, incluindo “o cancelamento de todas as sanções contra a Rússia”.
“Considero que a Rússia está propondo uma variante que permitirá realmente acabar com a guerra na Ucrânia. Ou seja, fazemos um apelo para que se vire uma página trágica da história”, afirmou.
Ao mesmo tempo, Putin advertiu que “se Kiev e as capitais ocidentais desistirem disto, como no passado, acabarão por ser política e moralmente responsáveis pela continuação do derramamento de sangue”.
“Evidentemente, a situação no terreno, na frente de batalha, vai mudar e não a favor do regime [governo] de Kiev, e as condições para o início das negociações serão diferentes”, acrescentou.
Putin voltou a acusar Volodymyr Zelensky de ser um presidente “ilegítimo” que usurpa o poder após o término de seu mandato em 20 de maio. Ele estabeleceu essas condições na véspera da cúpula de paz que começa neste sábado (15), na Suíça.
“Já podemos antecipar que [na Suíça] tudo se reduzirá a vagas conversas de caráter demagógico e a uma nova rodada de acusações contra a Rússia”, declarou Putin.